O governo de Nicolás Maduro quer ajuda brasileira para diagnosticar o estado de fábricas criadas na Venezuela. A informação foi dada pelo secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Ricardo Schaefer, que nestas segunda e terça-feira (25 e 26/08) realiza reuniões com altas autoridades do governo venezuelano em Caracas.
“Eles estão preocupados e pedem ajuda ao Brasil para melhor diagnosticar aquele conjunto de fábricas que foram criadas a partir da cooperação com diferentes países e que estão em diferentes estados e necessitam um impulso, muitas vezes gerencial, de treinamento, mão de obra e até de transferência de tecnologia para que possam de fato iniciar, produzir, e seguir seu ritmo normal de trabalho”, disse Schaefer a jornalistas brasileiros na capital venezuelana.
De acordo com ele, a solicitação foi feita pelo ministro de Indústrias da Venezuela, José David Cabello, para uma avaliação de “fábricas socialistas” idealizadas por Hugo Chávez. “Em primeiro lugar, vamos receber dos venezuelanos em que conjunto de fábricas, em qual quantidade, eles estão necessitando desse diagnóstico (…). Não sabemos quantas de fato chegaram ao momento final de entrar em operação e quantas não entraram por algum problema”, explicou. “Há uma necessidade, a gente percebeu claramente, de continuar esse esforço de cooperação industrial”, disse o secretário brasileiro, que participou de reuniões com ministros e o vice-presidente econômico da Venezuela, Rafael Ramírez. Para hoje, estão previstos encontros com outras autoridades, entre elas o chanceler venezuelano, Elías Jaua.
Agência Efe
Maduro quer ajuda do Brasil para dar continuidade à ofensiva econômica de seu governo
A visita do brasileiro prepara terreno para a reunião de um grupo de trabalho orientado a acompanhar projetos econômicos entre os dois países, prevista para novembro. O grupo teve sua criação acordada no ano passado. O Brasil ofereceu Manaus para a realização, já que a Zona Franca é vista como exemplo para o desenvolvimento de zonas econômicas especiais venezuelanas e pela possibilidade de integração do norte do Brasil com o sul da Venezuela.
A integração da produção agrícola de Roraima para o abastecimento do mercado venezuelano e a utilização do aço produzido na Venezuela para o pólo naval de Manaus foram alguns dos assuntos em pauta. Segundo a agência venezuelana de notícias, também se falou na possibilidade de envio de envases de vidro, alumínio e produtos derivados da atividade petroquímica ao norte do Brasil.
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Na noite de ontem, Schaefer participou de um coquetel com empresários brasileiros para escutar suas experiências no país. Segundo ele, apesar do Brasil não perceber problemas na balança comercial, o atraso de pagamento a empresas brasileiras é outro dos assuntos tratados. A Venezuela, que em março anunciou a importação de US$ 1,7 bilhão em alimentos do Brasil, foi o nono destino das exportações brasileiras de janeiro a junho deste ano.
“Não houve interrupção, houve um atraso [dos pagamentos], e isso também é algo que nós viemos dialogar aqui com o governo venezuelano”, disse. “É importante que o governo e o Ministério do Desenvolvimento unam esforços ao que a embaixada do Brasil aqui já vem realizando no sentido de regularizar esses pagamentos”, afirmou Schaefer. Segundo ele, empresas que atuam via CCR [Convênio de Crédito Recíproco] têm recebido “dentro do cronograma normal de trabalho”.
Apesar dos atrasos a empresas que exportam diretamente ao país, Schaefer ressaltou que “as compras continuam, o comércio continua acontecendo”. O secretário disse ainda que o Brasil precisa estar atento e trabalhar “mais arduamente” para expandir sua presença de manufaturados na região. A preocupação se dá pelo maior alcance de concorrentes, como a China, país que tem aumentado negócios com o governo de Maduro.