O Exército ucraniano afirmou nesta quarta-feira (27/08) que uma coluna de blindados russos cruzou a fronteira e entrou na zona de combate de região separatista no sul do país. Agências internacionais, no entanto, não conseguiram checar a informação com fontes independentes. Em meio à crise política no país, Kiev declarou que precisa da ajuda da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte).
Agência Efe
Forças pró-ucranianas combatem separatistas em Ilovaysk, a 50 quilômetros de Donetsk
Uma coluna de 100 veículos, “como tanques, blindados e lança-foguetes múltiplos Grad, está na estrada Starobecheve Telmanove” e se dirige à localidade de Telmanove, a 20 km da fronteira russa e 80 km ao sul de Donetsk, reduto dos separatistas pró-russos, afirmou o Exército em comunicado, como informou a agência AFP. O texto não especifica a procedência da coluna, mas uma fonte militar ucraniana questionada pelo veículo afirmou que os tanques eram russos.
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“É impossível comprar 100 tanques em Donetsk ou Lugansk [os dois redutos dos separatistas pró-russos no leste do país]. Está claro que entraram da Rússia. Buscamos provas ou vídeos para declarar isso oficialmente”, afirmou esta fonte.
“Eu digo para você que eles são russos, mas isso é a prova que eu tenho”, disse o sargento Aleksei Panko ao The New York Times, fazendo um gesto de zero com as mãos.
Agência Efe
Batalhão pró-Ucrânia de Donbass inspeciona veículo queimado por separatistas
O sargento Ihor Sharapov, soldado da patrulha fronteiriça ucraniana, disse ao jornal norte-americano que viu tanques cruzando a fronteira mas marcados com bandeiras do movimento separatista da República Popular de Donetsk.
Soldados capturados
Soldados russos detidos na Ucrânia na segunda-feira (25/08) afirmaram que a fronteira foi cruzada “por engano”. Nove dos 10 soldados capturados ofereceram uma coletiva de imprensa em Kiev hoje e disseram que não tinham experiência anterior de combate.
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“Nós entendemos que estávamos em território ucraniano quando fomos capturados e eles explicaram que nós estávamos em território ucraniano”, disse o sargento Vladimir Savosteyev.
De acordo com a agência Reuters, não ficou claro na explicação dos soldados se eles receberam ordens dos superiores do Exército russo para cruzar a fronteira. Moscou confirmou que as tropas cruzaram a fronteira por um erro.
Otan
No marco da crise política no país, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, afirmou em Kiev que o país espera que a Otan tome “decisões cruciais” na cúpula que começa em 4 de setembro e pediu ajuda. “Temos que acordar um programa de cooperação anual Ucrânia-Otan. Esperamos por parte de nossos sócios ocidentais e da Aliança uma ajuda prática e decisões cruciais na cúpula. Precisamos de ajuda”, disse durante a abertura do conselho de ministros.
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Ontem, os presidentes russo, Vladmir Putin, e ucraniano, Petro Poroshenko, realizaram uma reunião em Minsk, capital da Bielorússia, na presença de outros líderes europeus. O encontro foi concluído sem avanços.
“Não podemos falar de cessar-fogo, de possíveis acordos entre Kiev, Donetsk e Lugansk. Não é assunto nosso. É um assunto interno da Ucrânia”, disse Putin.
O chanceler russo, Serguéi Lavrov, declarou que o país “não deseja uma desintegração do Estado (ucraniano)” e ressaltou que a Rússia quer “conservar a grande população russa que habita a Ucrânia”. O ministro classificou como “terrorista” a operação lançada por Kiev em abril contra manifestantes de Lugansk e Donetsk.
Fronteira
A agência russa Ria Nóvosti informou hoje que separatistas em Donetsk tomaram o controle da totalidade da fronteira com a Rússia. Os manifestantes conseguiram realizar uma nova defensiva e frear o avanço do Exército, disse o veículo.
“Após vários dias de ofensiva no sul da província de Donetsk (…) tomamos sob nosso controle toda a fronteira [com a Rússia]”, como afirmou uma fonte do Estado Maior das milícias à agência.