A partir desta segunda-feira (01/08), funcionários públicos e trabalhadores de atividades não essenciais na Libéria não deverão sair de casa por um mês. A ordem partiu da presidente Ellen Johnson Sirleaf para tentar conter a evolução do surto de ebola no país, que já matou 694 pessoas em território liberiano e infectou outras 1.378. De acordo com a mandatária, a medida não terá impacto sobre o pagamento dos salários.
Agência Efe
Ações tomadas na Líberia ainda não tiveram o efeito desejado e não foram capazes de conter o vírus
Na última quinta-feira (28/08), Ellen decidiu demitir altos funcionários do governo que se recusaram a voltar à Libéria em meio à crise. As escolas no país estão fechadas para evitar a reunião de elevados números de pessoas e assim possibilitar um avanço do vírus no país que mais sofre com o avanço da doença entre os seis afetados no continente africano: Libéria, Nigéria, Guiné, Serra Leoa, República Democrática do Congo e Senegal.
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Além das mortes, a crise tem provocado sérios danos à economia liberiana, onde diversas vilas estão em quarentena, o que tem provocado impacto na agricultura, provocando um aumento no preço dos alimentos.
O Banco Africano de Desenvolvimento afirmou, em meados de agosto, que o ebola está causando “grande dano” às economias dos países afetados pela doença no oeste da África. O surto tem provocado a drenagem dos recursos orçamentários e pode reduzir o crescimento econômico em até 4%. Além disso, empresários estrangeiros estão abandonando e cancelando projetos na região.
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Hoje, a OMS informou que Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau e Mali correm risco de propagação do vírus. A agência da ONU afirmou que está trabalhando com estes países para “garantir que os planos de vigilância e de resposta ao ebola estejam funcionando da forma devida”.
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Tratamento
Dois médicos tratados com a droga ZMapp na Libéria superaram a doença, como informou hoje um porta-voz do Ministério da Saúde, John Sumo. Os profissionais da saúde, um nigeriano e um ugandês, estavam recebendo tratamento desde o dia 10 de agosto e tiveram alta neste final de semana.
OMS
Mapa mostra os lugares com maior transmissão do ebola
O tratamento foi o mesmo a que foram submetidos os norte-americanos Kent Brantly e Nancy Writebol que contraíram o vírus na Libéria e também receberam alta. O medicamento, no entanto, não havia sido testado em humanos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) autorizou seu uso em alguns casos devido à gravidade da epidemia.
Até o momento, o mais recente número de casos de ebola em Guiné, Libéria, Nigéria, Senegal e Serra Leoa é de 3.069, com mais de 1.552 mortes, fazendo deste surto o maior já registrado. De acordo com a OMS, 20 mil pessoas devem contrair o vírus antes que a epidemia, o que pode demorar até seis meses para acontecer. Além disso, especialistas confirmaram que o vírus na República Democrática do Congo é diferente – e provavelmente menos perigoso do que o verificado nos demais países.
Em artigo, o chefe de Doenças Tropicais do Hospital Muñiz, na Argentina, Tomás Orduna, afirmou que “a comunidade internacional não fez nada para impedir que o ebola se estendesse” pelo continente. No início, apenas as organizações civis como os Médicos sem Fronteiras tomaram alguma iniciativa. Após o alerta mundial emitido pela OMS e “pelo susto frente à possibilidade de que o Ebola cruzasse os mares”, a ajuda começou a chegar.