A América Latina e o Caribe são as regiões que mais avançaram ao longo da última década na erradicação da fome, levando a região a cumprir com o Objetivo do Milênio um ano antes do fixado, como informaram agências da ONU nesta terça-feira (16/09).
Agência Brasil
Mapa da Fome 2014 aponta avanços no 1º dos 8 Objetivos do Milênio: acabar com a fome e a miséria
De acordo com o relatório “Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2014”, a região reduziu a proporção de pessoas subnutridas a de 15,3% em 1990 – 1992, para 6,1% no período entre 2012 – 2014. O que significa que a cifra de pessoas nesta situação caiu de 68,5 milhões, em 1992, para 37 milhões na atualidade.
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“A América Latina e o Caribe são a região que concentra o maior número de países que conseguiram o Objetivo do Milênio relativo à fome. No total, 14 países atingiram a meta e outros três estão no caminho de consegui-lo antes de 2015”, disse a FAO em um comunicado.
“O compromisso político é fundamental para a erradicação da fome, e a América Latina e o Caribe são exemplos deste compromisso para o resto do mundo”, afirmou Raúl Benítez, representante da FAO.
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Benítez comentou o relatório sobre o estado da insegurança alimentícia no mundo divulgado com outros dois órgãos da ONU: o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
Em declarações à agência cubana Prensa Latina, Benítez afirmou que outro problema que afeta a região é a má nutrição, que faz com que mais de 30% das pessoas estejam acima do peso, sem uma alimentação adequada.
Ele também destacou que apesar dos avanços gerais, não é possível observar as mesmas melhorias em mulheres, indígenas e trabalhadores rurais.
Políticas sociais
A ação política foi concretizada em diferentes níveis, aponta o relatório: do ponto de vista regional, com os esforços da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos); sub-regional, com organismos como Unasul (União das Nações Sul Americanas), Mercosul, Caricom e outros; e nacional, com as medidas promovidas pelos governos.
Agência Brasil
Entre 2001 e 2012, a pobreza (menos de US$ 2/ dia) foi reduzida de 24,3% a 8,4% (foto de 2003)
O informe aponta que o crescimento econômico de boa parte dos países latino-americanos e caribenhos foi acompanhado por políticas sociais “muito ativas” para combater a fome, como programas de transferência condicionada de renda, de alimentação escolar e de apoio à agricultura familiar.
Hoje 21 países da região executam programas de transferência de renda, que dão apoio a mais de 120 milhões de pessoas vulneráveis.
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Apesar dos avanços na região, existem diferenças notáveis entre as nações. Um grupo de países conseguiu reduzir a taxa de habitantes afligidos pela fome para menos de 5%, entre eles estão Brasil, Cuba, Argentina, Chile, México, Uruguai e Venezuela.
“A estratégia Fome Zero no Brasil colocou a questão da segurança alimentar no centro da agenda do governo”, diz o informe.
Em nações como Colômbia, Equador e Paraguai, a porcentagem de famintos supera os 10%, enquanto a Bolívia, com 19,5%, tem a taxa mais elevada da América Latina. Em nível regional, a situação mais delicada é a do Haiti, onde quase 52% da população está desnutrida e onde o número de pessoas nessa situação aumentou. De 4,4 milhões em 1992, para 5,3 milhões hoje.
Um em cada nove passam fome
O relatório apontou ainda que no mundo inteiro, o número de pessoas que sofrem com fome diminuiu em mais de 100 milhões na última década. Apesar disso, um em cada nove habitantes do planeta, ou 805 milhões de pessoas não conseguem comer o suficiente para se nutrir.
A conclusão do estudo aponta que é necessário seguir avançando no combate à fome e à desnutrição e que a segurança alimentar segue sendo um desafio a ser superado e apontou que é preciso coordenar esforços sobretudo na África subsaariana e no sul e oeste da Ásia.