Atualizada em 23/09 às 13h13
A epidemia de ebola já matou 2.793 e infectou 5.762 pessoas em cinco países na África Ocidental, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (22/09). Os três países mais afetados são Libéria, Serra Leoa (que encerrou hoje o toque de recolher para evitar a doença), e Guiné. Nigéria e Senegal vêm em seguida, com menos casos.
Responsável por cerca de 60% dos tratamentos na região, a organização MSF (Médicos Sem Fronteiras) disse estar chegando ao limite da capacidade de ação.
Agência Efe
Equipe desinfeta corpo encontrado na entrada do centro de tratamento do Médicos Sem Fronteiras na Libéria
O Comitê de Emergência da organização reafirmou que o mundo enfrenta uma “emergência de saúde pública de alcance internacional” e voltou a solicitar à comunidade internacional que faça tudo o que for necessário para deter a epidemia.
O estudo mostra que não houve mais nenhuma morte desde o levantamento da semana passada no Guiné e que o surto está “controlado” na Nigéria e no Senegal. A transmissão do vírus nos três primeiros países é constante, por isso é esperado que o número de contágios continue aumentando de forma exponencial nas próximas semanas.
A organização de saúde alertou que, ao contrário do efeito desejado, os cancelamentos de voos e outras restrições de viagens isolam os países afetados pela epidemia e prejudicam a entrada de equipes e material médico de emergência, o que pode contribuir para expandir ainda mais o vírus.
Toque de recolher
Em Serra Leoa, terminou o toque de recolher, estabelecido por três dias, para tentar controlar a expansão do vírus. Hoje, autoridades do país anunciaram que 150 novos casos de foram registrados durante o período de confinamento. Destes, 70 pessoas faleceram em decorrência da doença, como informou a agência italiana Ansa.
De sexta-feira (19/09) a domingo (21/09), cerca de 30 mil voluntários foram de casa em casa para medir a temperatura, distribuir 1,5 milhão de pastilhas de sabão e informar os cidadãos sobre as medidas para prevenir o ebola. Com 1.600 pessoas infectadas e 500 mortes, Serra Leoa é o segundo país com mais casos na região.
“No geral, a medida teve êxito. Estamos convencidos de que os problemas que enfrentávamos no início foram reduzidos. Nosso objetivo era chegar a todos os lares do país e garantir que todas as famílias tiveram acesso à informação adequada sobre o ebola”, afirmou o porta-voz do Ministério da Saúde, Sidi Yahya Tunis.
Apesar do efeito da medida, ela foi amplamente criticada pelos cidadãos do país e por organizações internacionais, como a MSF (Médicos Sem Fronteiras). A entidade também disse estar chegando ao limite de sua capacidade para combater o vírus.
O surto do vírus surgiu em março, em Guiné, e depois se estendeu para Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal.
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Ajuda internacional
Os países europeus estão avaliando os recursos de que dispõem para ajudar a combater o ebola e planejando uma resposta coordenada ao surto, como afirmou a ministra da Saúde da Itália, Beatrice Lorenzin, citada pela agência Reuters.
Agência Efe
Policiais patrulham ruas de Serra Leoa durante toque de recolher
A União Europeia prometeu 140 milhões de euros (180 milhões de dólares) para reforçar o combate ao vírus. Na semana passada, a ONU solicitou US$ 1 bilhão para combater a pior epidemia de ebola que o mundo já enfrentou.
O presidente do conselho de administração de MSF-Itália, Loris De Filippi, disse hoje à agência Ansa que “a situação na África Ocidental é dramática. Dezenas de pessoas adoecem todos os dias e enchem as portas dos nossos centros de atendimento, mas temos que mandá-las para casa porque não temos leitos suficientes para atendê-las”.
Segundo dados apresentados nesta segunda, o MSF tratou 60% dos casos da doença na África e conseguiu tratar 2.930 pessoas – das quais 1.750 estavam com ebola – e salvou 520 contaminados pela doença. A entidade também disse estar chegando ao limite da capacidade para combater o vírus.
Também hoje, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon agradeceu o governo cubano pelo envio de 165 especialistas (62 médicos e 103 enfermeiros) a Serra Leoa a pedido da organização.
Tratamento
Um missionário espanhol, de 69 anos, chegou na madrugada de hoje a Madri para receber tratamento após ter sido infectado em Serra Leoa. A situação de Manuel García Viejo é grave, informou o hospital Carlos III.
Ele não deverá ser tratado com o medicamento experimental Zmapp. Isso porque as doses acabaram e não há disponibilidade delas no mundo. O Zmapp é o medicamento que mais tem apresentado eficácia na cura dos pacientes.
Agência Efe
Missionário espanhol dirigia há 12 anos o hospital da cidade de Lunsar, em Serra Leoa
Hoje, no entanto, a empresa farmacêutica Tekmira Pharmaceuticals Corp afirmou que agências reguladoras norte-americanas e canadenses autorizaram a utilização do tratamento dela contra o ebola. O remédio, administrado em regime de urgência em pacientes, tem sido bem tolerado, disse a empresa. A quantidade do remédio também é limitada.