Como resultado da Cúpula do Clima, realizada em Nova York, 32 governos, além de grandes corporações e representantes da sociedade civil, se comprometeram, nesta terça-feira (23/09), a reduzir pela metade a devastação das florestas em 2020 e a detê-las totalmente até 2030. Também foi firmado o comprometimento de recuperar mais de 350 milhões de hectares de terras degradadas, superfície similar em tamanho à Índia, como parte da luta contra o aquecimento global.
Agência Efe
Para Obama, acordo entre nações deve ser “flexível, porque as nações diferentes têm circunstâncias diferentes”.
Os mais de 120 chefes de Estado e de governo de todo o mundo também reafirmaram o compromisso de reduzir as emissões de gás carbônico e criar alternativas financeiras para ajudar países a tomarem medidas ambientalmente menos prejudiciais. No total, os compromissos mobilizarão mais de US$ 200 bilhões antes do final de 2015, segundo informações da ONU.
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Adotando palavras de ordem de ativistas que se manifestaram pelas ruas de Nova York no último dois dias, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que “não se pode ter um plano B, porque não temos um planeta B”, e ressaltou: “não podemos negociar com a Mãe Natureza. Ela não espera. Portanto, somos nós que temos que nos adaptar a ela”.
Entre os 32 países signatários da Declaração de Nova York estão Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido, Chile, Colômbia, México, Costa Rica, República Dominicana e Peru. O Brasil não figura como signatário e, como justificativa, argumentou que não fez parte das negociações sobre o texto.
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Medidas
Entre as medidas de caráter financeiro, a França, que acolherá a próxima cúpula de chefes de Estado sobre mudanças climáticas, prometeu destinar US$ 1 bilhão ao chamado Fundo Verde. A Noruega destinará US$ 500 milhões anuais até 2020 a políticas contra o aquecimento.
Na mesma linha, a União Europeia doará 3 bilhões de euros nos próximos sete anos para que os países subdesenvolvidos atuem contra a mudança climática. Os EUA, por sua vez, se comprometeram a levar em conta os efeitos da mudança climática em todos seus programas e investimentos para o desenvolvimento em outras regiões do mundo.
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O presidente do Peru, Ollanta Humala, ressaltou em sua fala a importância de coordenar a aplicação das medidas assinadas hoje. “Apostar só em soluções nacionais e não de caráter mundial é não olhar o caminho”, disse. Ele disse ainda que países como o Peru e as Filipinas pagam o alto custo por furacões e tufões que são cada vez mais violentos e obrigam os governos a investirem na reconstrução um orçamento equivalente a 4% do PIB.
A Cúpula do Clima procura dar um impulso político para acelerar as negociações sobre as mudanças climáticas, a fim de adotar um acordo global vinculativo em Paris no ano que vem.
Comprometimento
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reconheceu o protagonismo do país que governa na degradação ambiental. “Reconhecemos o nosso papel na hora de criar este problema [as mudanças climáticas] e aceitamos nossa responsabilidade para combatê-lo. Mas só podemos ter sucesso se todos os países se envolverem neste esforço. Não pode haver exceções”.
Agência Efe
“Nosso dever é escutar”, disse em entrevista coletiva o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon
Ele também fez referência às manifestações de Nova York. “Os alarmes continuam soando, nossos cidadãos continuam protestando, e não podemos fingir que não os escutamos. Temos que dar uma resposta para suas reivindicações”, acrescentou.
O mandatário divulgou em junho um plano para reduzir em 30% as emissões de carbono das centrais termoelétricas dos EUA até 2030. Os republicanos, a indústria de carvão e a Câmara de Comércio americana são contra.
Há cinco anos, os EUA anunciaram que reduziriam as emissões de carbono em 17% para 2020, em relação aos níveis de 2005. Hoje, Obama garantiu que seu país cumprirá esse objetivo e que no ano que vem estabelecerá uma nova meta para continuar com as reduções.
Adotando um tom mais crítico, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criticou a falta de vontade dos países ricos para lutar contra as mudanças climáticas e questionou “as soluções capitalistas” propostas por eles para resolver o problema.
“Alguém pode crer (…) que as corporações transnacionais podem se transformar, de um dia para o outro, em protagonistas da salvação do planeta?”, perguntou Maduro. “Desde a nossa América, levantamos nosso protesto e indignação contra esses modelos que agora tratam de chamar de economia verde”, ressaltou. Para ele, a mudança climática é uma consequência fundamental da “crise de um modelo civilizatório capitalista”.