Após seis meses do sequestro de mais de 200 garotas da Nigéria pelo grupo islâmico Boko Haram, dezenas de manifestantes marcharam nesta terça-feira (14/10) até a residência do presidente Goodluck Jonathan na capital do país, exigindo que as autoridades tomem mais atitudes para libertá-las.
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Efe/ arquivo
Campanha que pede a volta das meninas mobilizou protestos na capital Abuja em abril de 2014
“Eu quero que o presidente tente trazer minhas amigas de volta”, disse à Reuters Rebecca Ishaku, uma das garotas que conseguiu escapar dos militantes do Boko Haram. “Eu não posso nem imaginar o que está acontecendo com elas”, acrescentou. “Essa esperança [de encontrá-las] está desaparecendo rapidamente” comentou à mesma agência a líder da organização de pais de Chibok, Hosiah Lawan.
O sequestro em massa aconteceu em 14 de abril deste ano na aldeia de Chibok, localizada no nordeste do país, quando 270 meninas foram abduzidas, o que gerou comoção internacional e movimentos como o chamado “Traga nossas garotas de volta” (“Bring Back Our Girls”).
Algumas das vítimas conseguiram fugir ou foram libertadas, mas 219 permanecem em cativeiro. A lenta resposta das autoridades nigerianas levou a população local e governos internacionais a questionarem a capacidade de Jonathan em lidar com a ameaça do grupo islâmico, considerado terrorista por diversos países.
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Ainda nesta terça, a jovem ativista paquistanesa Malala Yousafzai — que ganhou o Prêmio Nobel da Paz na semana passada e ficou conhecida por lutar pelos direitos das mulheres à educação — divulgou um comunicado em que pede mais esforços da Nigéria para localizar o paradeiro das garotas sequestradas.
Em meados de julho, Malala foi à capital, Abuja, onde se encontrou com algumas das estudantes que conseguiram escapar dos terroristas e com pais de meninas ainda reféns. “Perguntei ao presidente se era possível ele encontrar os parentes e essas meninas, para incentivá-los e assegurar-lhes que suas filhas vão voltar”, declarou a jovem à época, segundo AFP.
Efe/ arquivo
A adolescente de 17 anos Malala e Goodluck Jonathan, durante reunião no palácio do líder no dia 14 de julho
O presidente Jonathan, por sua vez, enviou hoje um de seus ministros para mediar diálogo com os manifestantes. Em relação às críticas, o governo alega que o Exército está sobrecarregado no nordeste do país e que um resgate fracassado colocaria a vida das meninas sequestradas em risco.