* Atualizada às 20h40
Os Estados Unidos confirmaram nesta quarta-feira (15/10) a existência do segundo caso de transmissão do vírus ebola dentro do país. Novamente, a paciente é uma profissional de saúde, mulher, identificada como Amber Vinson, que cuidou do liberiano Thomas Eric Duncan, morto em decorrência da doença há uma semana em Dallas, o primeiro a falecer em solo norte-americano.
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Agência Efe
Dados mais recentes apontam para o registro de 8.917 casos de ebola, com 4.447 mortes, sobretudo na África Ocidental
A trabalhadora, que manteve contato com o liberiano, juntamente com outras 74 pessoas, estava em observação. Ontem, ela apresentou febre e foi, de imediato, colocada em quarentena no Hospital Presbiteriano do Texas, em Dallas.
Na terça (14/10), autoridades sanitárias dos EUA informaram que Vinson viajou de avião de Cleveland para Dallas menos de 24 horas antes de ser internada por apresentar os primeiros sintomas de ebola. Os passageiros que estavam no voo 1143 da Frontier Airlines de 13 de outubro estão sendo contatados para verificação dos riscos de contágio.
Baixo risco
Autoridades disseram que Vinson não tinha autorização para viajar em um avião comercial, nem utilizar qualquer transporte público. Em coletiva de imprensa, o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), Thomas R. Frieden, afirmou que o risco para os passageiros que compartilharam o voo é muito pequeno. “O nível de risco para as pessoas próximas a ela é extremamente pequeno, mas, para uma margem extra de segurança, estamos entrando em contato com todas elas”, acrescentou o diretor do CDC.
A companhia aérea informou que a passageira não apresentava sintomas da doença durante o voo e, em comunicado, disse que, após saber da notícia, “respondeu imediatamente”, retirou o “avião de serviço” e trabalha com os CDC e outras agências governamentais para garantir que estão sendo seguidos os “protocolos e procedimentos adequados”.
O Departamento de Saúde do Texas relatou também que a paciente foi entrevistada para identificar toda sua rede de contatos rapidamente, além de outras pessoas que potencialmente foram expostas ao vírus. Todas elas serão submetidas a exames e os estados de saúde serão constantemente monitorado.
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As autoridades de saúde dos EUA mantêm em observação todas as pessoas que tiveram contato com os dois pacientes diagnosticados com ebola no Texas, o liberiano Thomas Eric Duncan e a enfermeira Nina Pham — cujo estado de saúde permanece “estável”. O total de pessoas sob vigilância chega a 125.
Por enquanto, as autoridades não sabem como ocorreu o contágio da enfermeira, por isso tomaram a decisão de controlar a temperatura dos profissionais de saúde duas vezes por dia para detectar os sintomas de ebola, o mesmo protocolo que se aplica ao resto das pessoas em risco. No entanto, ela teve “um extensivo contato” com o paciente quando ele estava vomitando e com diarreia, disse Frieden.
Agência Efe
Hospital em Dallas, no Texas, está atendendo os casos do vírus ebola registrados no país
Nos EUA, a maior parte da classe dos profissionais de saúde afirmou, em pesquisa divulgada há dois dias, não ter recebido nenhum tipo de treinamento dos hospitais sobre como lidar com o vírus. Frieden adverte que os hospitais devem “limitar o pessoal” que trabalha no atendimento de um doente com ebola, a fim de diminuir as chances do contágio.
Segurança nacional
O presidente norte-americano, Barack Obama, cancelou a viagem que faria a Nova Jersey e Connecticut para discutir com agentes responsáveis qual a melhor forma de coordenar o combate à doença no país.
Em declarações concedidas na tarde desta quarta, Obama declarou que o controle do ebola é uma prioridade para a segurança nacional dos Estados Unidos. “Isso não é somente uma questão de caridade. Também diz respeito à estabilidade política e econômica da região” africana afetada pelo surto.
Ele ressaltou a importância de que o assunto seja abordado da mesma forma como são tratadas outras questões de segurança nacional. “Nós estamos fazendo tudo o que podemos para ter certeza de que o povo norte-americano está seguro; estou confiante de que nós estamos prontos para isso. Mas temos que ter certeza de que vamos conseguir parar essa epidemia na origem. E estamos profundamente gratos a todo o nosso pessoal que está trabalhando nesse esforço”, declarou.
Em conferência com líderes europeus de Alemanha, França, Itália e Reino Unido, o mandatário pediu mais comprometimento na luta global contra o ebola. Para Obama, o impacto do surto na África Ocidental é “trágico” e, por isso, ele defende que todos os países façam contribuições “mais significativas”.
ONU: 60 dias para reverter quadro
A ONU (Organização das Nações Unidas) fixou um prazo de 60 dias para provocar uma reviravolta na luta contra a epidemia do ebola na África Ocidental e evitar que a doença continue ganhando a batalha contra os esforços internacionais de combate ao vírus.
“O ebola está se desenvolvendo mais rápido do que nós e ganhando a corrida. Não podemos permitir que o ebola ganhe”, afirmou ontem Anthony Banbury, chefe da UNMEER (Missão das Nações Unidas para a Resposta de Emergência contra ebola).
Banbury lançou a advertência em um discurso por videoconferência direto de Acra para o Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu para analisar diversos temas do continente africano, incluída a epidemia.
O chefe de UNMEER, missão iniciada em 19 de setembro, disse que, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), em um prazo de 60 dias contados a partir de 1º de outubro devem ser cumpridas uma série de metas nesta luta.
Nesse período se deve conseguir que 70% dos infectados sejam tratados em unidades médicas e que 70% dos enterros dos falecidos sejam realizados “sem provocar novas infecções”.
A Organização Mundial da Saúde informou hoje que 8.997 pessoas já foram contaminadas pelo vírus e 4.493 morreram em sete países com ocorrência da doença.
(*) Com informações da Agência Efe e Agência Brasil