No que pode ser interpretado como uma derrota para o papa Francisco frente ao conservadorismo do Vaticano, os bispos da Igreja Católica removeram neste sábado (18/10) do documento final a mensagem que sinalizava maior aceitação de pessoas gays na comunidade católica.
Agência Efe
Após a derrota no sínodo, Franscisco exigiu que a íntegra do documento seja disponibilizada ao público em geral
Reunidos há duas semanas na assembleia de bispos convocada para debater assuntos relacionados à família, os membros da Igreja haviam mencionado, em versão inicial do documento, que homossexuais têm “talentos e qualidades a oferecer à comunidade cristã”, chamando a Santa Sé a “receber essas pessoas”. No rascunho do texto, receptividade semelhante também foi dada aos cristãos divorciados e casados novamente.
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Tida como controversa, a abertura provocou imediatas reações dos setores mais conservadores da Igreja Católica. O relator-geral do Sínodo Extraordinário sobre a Família, Péter Erdo, afirmou que o texto passaria por “modificações”. E foi o que aconteceu. Evidenciando um racha nas posições doutrinárias da Santa Sé, a corrente liderada pelo papa Francisco não conseguiu obter a maioria necessária de dois terços entre os bispos presentes na assembleia. Assim, os parágrafos que não puderam ser aprovados foram removidos do documento final — todas as outras partes do texto inicial foram mantidas.
Em vez de mencionar os “talentos e qualidades” de gays, a Igreja Católica optou por manter sua posição em relação ao tema como um problema que as famílias católicas têm de confrontar.
Também foram retirados do documento final os trechos que tratavam de outro tema sensível à comunidade católica: se pessoas divorciadas e com novo matrimônio civil consumado podem ou não receber comunhão.
Derrota para Francisco
Após a derrota no sínodo, o papa Francisco insistiu que a íntegra do teor do documento discutido fosse disponibilizada à opinião pública. Segundo ele, prezando pela transparência, o texto logo será publicado e discriminará especificamente quantos e quais votos cada parágrafo removido recebeu.
Francisco disse também que nos debates no sínodo foi possível observar “tensões e tentações”, entre as quais mencionou a tentação da “rigidez hostil”, que resumiu como a atitude “querer se fechar no que está escrito e não se deixar surpreender por Deus, pelo Deus das surpresas”.
O papa alertou para a “tentação” imposta pelos que classificou como “tradicionalistas” ou “medrosos” e por aqueles que definiu como “denominados progressistas e liberais”.
* Com informações da Agência Efe