A meta da equipe diplomática palestina para os próximos dois meses é conseguir aprovar no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) uma resolução que fixaria prazo — novembro de 2016 — para que o Exército de Israel deixe em definitivo os territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
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Agência Efe
Soldados israelenses realizam busca em cidade palestina da Cisjordânia; CS da ONU poderá votar resolução sobre retirada ainda neste ano
Segundo Riyad Mansour, embaixador da Palestina na ONU — na qualidade de Estado-observador e não-membro da organização —, disse na sexta (17/10) à agência AP, a proposta de resolução é vista como uma saída ao cenário atual, de estagnação nas negociações de paz. Em especial, após inúmeros revezes acumulados nos esforços de diálogos liderados pelos Estados Unidos e, particularmente, na figura do secretário de Estado, John Kerry.
“Não voltaremos ao mesmo tipo de negociação que não nos levou a lugar algum por mais de 20 anos”, afirmou o diplomata palestino. A última das rodadas de negociação durou nove meses e fracassou em abril, meses antes da última ofensiva israelense contra Gaza, que, batizada de Operação Margem Protetora, durou 50 dias e deixou matou mais de 2 mil palestinos, maioria civis, e cerca de 60 soldados israelenses.
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Embora seja uma movimentação difícil na ONU, já que os EUA, grande aliado de Israel, têm direito a veto no Conselho de Segurança, o embaixador palestino diz que a tentativa “não será um exercício sem fim”. “O objetivo principal é levar a resolução à votação”, afirma Mansour.
Contagem dos votos
Dos 15 membros do CS (5 permanentes com poder de veto e 10 rotativos), as autoridades palestinas afirmam já contar com 7 votos — são necessários 9 para aprovar o texto, e nenhum veto dos Estados-permanentes.
Indagada sobre a questão israelo-palestina, a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, disse que a única solução possível para o conflito é por meio de negociações entre as duas partes.
Por sua vez, o embaixador israelense na ONU disse que, caso levem adiante a resolução, os palestinos estariam “atropelando as negociações ao agir unilateralmente” e “evitando o diálogo real”.
Caso a proposta fracasse no Conselho de Segurança, Mansour já adiantou que poderá levar o texto até a Assembleia-Geral, órgão máximo das Nações Unidas, onde todos os 193 membros estão representados. Nesse foro, não há poder de veto, mas as resoluções aprovadas não são vinculastes; ou seja, não têm força de lei.
Há dois anos, em outubro de 2012, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a entrada da Palestina como um Estado-observador e não membro da instituição. Desde então, a Palestina passa a fazer parte de algumas instituições da ONU, bem como integrar um rol de tratados, tendo, inclusive, o direito de dirigir-se ao TPI (Tribunal Penal Internacional) e reportar eventuais abusos do governo de Israel nos assentamentos em território ocupado e outros casos.