Há exatamente dois meses, desde que os 43 estudantes da escola de Ayotzinapa desapareceram, no estado de Guerrero, outras 199 pessoas foram declaradas como não localizadas em todo o país. Em média, a cada 24 horas, 5,6 pessoas são dadas como desaparecidas, de acordo com dados oficiais divulgados pelo Registro Nacional de Dados de Pessoas Extraviadas ou Desaparecidas.
TeleSUR
Diversas manifestações estão sendo realizadas em todo o país pedindo que jovens sejam encontrados
Os dados, atualizados na última semana, não trazem estatísticas de setembro, de forma que o número é ainda maior. Somente em Puebla, no sul do México, 68 pessoas foram declaradas como não localizadas entre 26 de setembro e 31 de outubro. Destas, 47 são mulheres e 21, homens. 41 deles são menores de idade e 27, adultos.
Guerrero, onde os 43 estudantes desapareceram, é o terceiro estado com maior número de desaparecidos: 13 no período de pouco mais de um mês.
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Atualmente, 23.605 pessoas estão desaparecidas no México. Somente em 2014, 5.098 pessoas sumiram. O número é 13% maior do que o registrado em 2013.
Todos os anos são feitas milhares de denúncias por familiares, mas dificilmente os casos de desaparecimento são investigados e solucionados, como pode ser verificado no episódio Ayotzinapa. Apesar da comoção nacional e internacional em torno do caso e da reivindicação por respostas do governo, não houve, até o momento, uma solução considerada satisfatória por parte dos pais e estudantes seguem convocando protestos em todo o país.
De acordo com a Secretaria de Governo do Sistema Nacional de Segurança Pública, durante os governos de Felipe Calderón (2006-2012) e Enrique Peña Nieto, presidente desde 2012, 52.941 casos de desaparecimento foram denunciados. 30.619 pessoas foram encontradas com vida e 1.524 morreram.
Valas comuns
Além de evidenciar mundialmente o problema dos desaparecimentos no México, o caso dos 43 estudantes de Ayotzinapa trouxe à tona também o problema das valas comuns, onde são enterrados corpos não identificados.
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Somente a União dos Povos e Organizações do Estado de Guerrero encontrou 40 valas comuns desde que veio à tona a história dos 43 estudantes. Nos últimos dois anos, o grupo encontrou 500 corpos humanos “plenamente identificados” na região de Iguala.
Na última segunda-feira (24/11), os pais dos jovens desaparecidos de Ayotzinapa anunciaram a localização de mais dez valas clandestinas. Em sete delas encontraram restos humanos e em três, roupa e objetos pessoais, incluindo itens escolares, como lapiseiras e mochilas.
Imagen de la mochila encontrada ayer en las fosas de Iguala por la Upoeg pic.twitter.com/TmNXRhjcbm
— Ray Pérez Arellano (@RaymundoteleSUR) 24 outubro 2014
De acordo com a diretora de Ciência Forense Cidadã, Julia Alonso, a cidade de Iguala, onde os jovens sumiram há 60 dias, poderia ter outras 40 ou 50 valas com corpos enterrados sem identificação em cemitérios clandestinos.