“Para mim, a maioria dos cubanos é incrivelmente gentil e generosa. Dói-me saber que eles são tratados do jeito que são por conta da relação entre os dois governos. Dois errados não dão certo”, declarou na tarde desta quarta-feira (17/12) o norte-americano Alan Gross, poucas horas após ser libertado depois de cinco anos de prisão em Cuba.
ENTENDA O QUE MUDA EM CUBA E NOS EUA COM AS NOVAS POLÍTICAS ANUNCIADAS
Gross cumpria pena de 15 anos na ilha por espionagem. Em troca, Washington libertou também hoje os últimos três dos Cinco Cubanos presos nos EUA, também acusados de espionagem.
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Efe
Gross trabalhava para a Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) em Havana, quando foi preso
Na coletiva de imprensa, Gross agradeceu o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e comentou a importância do papel da esposa, Judy Gross, para a libertação. “Foi crucial para minha sobrevivência saber que eu não estava sendo esquecido. É bom estar de volta em casa”, afirmou.
Segundo o governo dos EUA, o norte-americano estava em Cuba para distribuir equipamentos via satélite com o objetivo de “promover a democracia” no país. Já os cubanos estavam em território norte-americano em operações de contrainteligência.
Ele trabalhava para a Development Alternative, Inc (DAI), contratada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, por sua sigla em inglês), que responde ao Departamento de Estado.
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No ano passado, o prisioneiro enviou uma carta a Obama pedindo sua libertação. “Com o maior respeito, senhor presidente… temo que meu governo, o mesmo governo ao qual eu servia… tenha me abandonado”, disse. Já em 2014, Judy Gross pediu que Obama interviesse “antes que fosse tarde demais. Meu marido está pagando um preço terrível por servir ao país e à sua comunidade”.
Desde julho deste ano, Gross se negava a receber visitas da família e da equipe do Escritório de Interesse dos Estados Unidos em Havana, em protesto pelo que considerava falta de ação por parte do governo de Washington para obter sua libertação.
Na ocasião, Washington classificou como “muito decepcionante” que Havana não tenha aceitado libertá-lo e ressaltou que estava utilizando “todos os canais diplomáticos para pressionar sua libertação”.
Anunciada hoje, a aproximação histórica entre EUA e Cuba por Obama e Raúl Castro traz mudanças importantes no setor diplomático entre ambas as nações. Para além dos efeitos simbólicos do anúncio, a nova política trará consequências práticas para a economia e a diplomacia entre os dois países. Desde a abertura de uma embaixada em Havana até a permissão para que cidadãos norte-americanos comprem rum e charutos cubanos em maior quantidade.