“Eu quero dirigir-me muito especialmente ao companheiro Pepe Mujica para manifestar minha alegria pelo privilégio de tê-lo conhecido e pelo seu convívio”, declarou a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, durante a 47ª Cúpula do Mercosul, realizada nesta semana na cidade argentina de Paraná.
“Tenho emoção – e olha que eu estou me emocionando viu, Pepe – por contar com sua amizade e meu imenso agradecimento por ter contado com a sua colaboração”, elogiou a mandatária brasileira, com os olhos embargados. “Seu legado ultrapassa o Uruguai e a América Latina e será sempre fonte de inspiração para todos”, completou.
Efe/ arquivo
José Pepe Mujica e Dilma Rousseff discutiram integração regional durante encontro mês passado, em Brasília
O discurso foi aplaudido de pé por todos os chefes de Estado que participavam da reunião, entre eles, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o líder da Venezuela, Nicolás Maduro. Dilma assumiu na quarta-feira (17/12) a presidência temporária do Mercosul pela segunda vez com o desafio de revitalizar o bloco sul-americano, pressionado por problemas de balança comercial e com a necessidade de se abrir para novos mercados.
Entre os principais comunicados emitidos durante esta 47ª reunião de cúpula do Mercosul, estiveram acordos sobre energias renováveis, impulsionados pelo Equador, o apoio do bloco à reeleição do brasileiro José Graziano da Silva para a diretoria-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) e o incentivo à regulamentação da negociação de dívidas soberanas.
NULL
NULL
Além disso, Dilma reforçou que o bloco estaria esperando uma proposta de Bruxelas sobre as condições de um acordo com a União Europeia. Ainda com relação às negociações com outros blocos, a presidente brasileira sinalizou para um interesse em acelerar o processo de complementação econômica com os países da Aliança do Pacífico.
Entre outras declarações, a mandatária brasileira afirmou que intensificará o seu compromisso de defender a Argentina e os demais países membros dos especuladores, em alusão aos chamados “fundos abutres”. Dilma lembrou que, desde a cúpula ocorrida em Caracas, em agosto deste ano, o Brasil vêm manifestando total apoio ao governo Kirchner.
“Continuaremos [durante a presidência pró-tempore] apoiando a luta da Argentina por um desfecho justo na reestruturação de sua dívida soberana. Com o mesmo empenho que nós temos tido, desde a cúpula de Caracas”. Ela citou ainda sua intervenção com relação ao tema nas reuniões dos BRICs e do G-20.
Uma das expectativas para esta reunião de chefes de Estado do Mercosul era o anúncio de adesão da Bolívia como membro pleno. No entanto, este processo de negociação permanece pendente, ainda que exista um documento em vias de aprovação pelos congressos dos países membros.
Efe
Líderes latino-americanos se encontraram nesta semana na Argentina para debater perspectivas do bloco comercial
Repercussão das relações Cuba-EUA
A reunião de cúpula dos países do Mercosul também ficou marcada pelo histórico anúncio de retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba. Os presidentes que se pronunciaram classificaram o momento como “impensável”. A presidente anfitriã, Cristina Kirchner, disse, por exemplo, haver pensado que “não viveria para ver esse dia”. Já o venezuelano Nicolás Maduro não mediu palavras e declarou essa como “uma grande vitória de Fidel”.
Dilma Rousseff também destacou ontem o papel desempenhado pelo papa Francisco em facilitar a normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos, algo que disse ter pensado que jamais veria.