O governo dos Estados Unidos pediu ajuda ao governo chinês para bloquear ataques de hackers da Coreia do Norte. Esta seria uma das primeiras medidas da “resposta proporcional” prometida pelo presidente norte-americano Barack Obama na última sexta-feira (19/12) ao ataque cibernético contra a empresa Sony devido ao filme “The Interview” (“A Entrevista”).
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Segundo o The New York Times, Pequim ainda não respondeu ao pedido dos EUA. A cooperação da China seria essencial, pois o sistema de telecomunicações da Coreia do Norte passa por redes chinesas.
China e EUA têm um histórico recente de tensão com relação a questões de ciber-segurança: em maio, o departamento de Justiça dos EUA acusou cinco oficiais das Forças Armadas da China de hackear e roubar informações sigilosas de empresas norte-americanas. A China reagiu declarando que as acusações eram “ridículas” e encerrando o diálogo com o país sobre o tema de segurança na internet.
Agência Efe
Cartaz promocional de “The Interview” em Nova York; estreia foi cancelada
Ainda de acordo com o jornal norte-americano, o pedido de colaboração da China é parte da resposta que está sendo arquitetada por oficiais norte-americanos ao que o governo dos EUA acredita ser um ataque de hackers comandado pelo governo de Pyongyang. As medidas que estão sendo avaliadas incluem novas sanções econômicas, similares às que foram recentemente aplicadas a oligarcas russos próximos ao presidente Vladimir Putin, que bloqueariam o acesso a fundos financeiros de dirigentes norte-coreanos.
Nas reuniões realizadas sobre a questão na última semana na Casa Branca, também foi discutida a possibilidade de uma “operação de contrainformação” dirigida à população norte-coreana, mas oficiais ressaltaram que esforços similares por parte da Coreia do Sul tiveram resultados desastrosos.
Na última sexta-feira (19/12), o FBI anunciou ter “suficiente informação para concluir que o governo da Coreia do Norte é responsável” pelos ataques à Sony. No sábado, (20/12), o governo de Pyongyang negou as acusações e propôs uma investigação conjunta com os EUA sobre o incidente.
“Enquanto os Estados Unidos espalha alegações infundadas contra nós, propomos uma investigação conjunta sobre este incidente. Temos meios de provar que não temos nada a ver com isso, sem necessidade de recorrer a métodos de tortura utilizados pela CIA”, teria declarado o ministério do Exterior da Coreia do Norte.
Agência Efe / Korean Central News Agency
O líder norte-coreano Kim Jong-un é celebrado por soldados em julho de 2014
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Também no último sábado (20/12), o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Mark Stroh, declarou que Washington segue convencido de que o governo norte-coreano é culpado. “O governo da Coreia do Norte tem um longo histórico de negar a responsabilidade por suas provocações. Se querem ajudar, que comecem admitindo sua culpa e compensando a Sony pelo prejuízo causado pelo ataque”, afirmou.
Ataque
No dia 24 de novembro, um grupo de hackers norte-coreanos roubou dados pessoais de funcionários do estúdio Sony, conteúdos de e-mails e até cinco filmes. O ataque foi uma retaliação ao filme “The Interview” (“A Entrevista”), então previsto para estrear no dia 25 de dezembro nos EUA.
A comédia de Seth Rogen e James Franco narra um complô norte-americano em que dois jornalistas são recrutados pela CIA para assassinar o líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Na terça-feira (16/12), um grupo denominado “Guardiães da Paz” assumiu a autoria do ciberataque e emitiu um comunicado em que advertiu que “semeará o terror” nos cinemas que exibirem o filme e comparou o plano com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Em resposta à ameaça, a Sony anunciou na quarta-feira (17/12) o cancelamento da estreia de “A Entrevista”. Na última sexta-feira (19/12), o presidente Barack Obama declarou que a decisão da companhia de cancelar a estreia do filme foi “um erro”.
*Com informações de The New York Times e The Guardian