O primeiro semestre de 2014 teve recorde de deslocamentos externos e internos ao redor do mundo. De acordo com o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), 5,5 milhões de pessoas saíram de casa fugindo de conflitos armados e guerras ocorridas principalmente no Oriente Médio e na África. É o maior número desde a Segunda Guerra Mundial.
Agência Efe/ Arquivo
Refugiados sírios na Turquia fogem das ações do grupo radical Estado Islâmico
Deste total, 1,4 milhão de pessoas fugiram para uma nação diferente e têm o status de refugiados. O restante é de deslocados dentro das fronteiras do próprio país. Os dados constam no informe anual da Acnur, divulgado na quarta-feira (07/01).
O relatório concluiu que o conflito na Síria também mudou a distribuição regional de refugiados. Até 2013, eles se concentravam majoritariamente na Ásia e no Pacífico. Em 2014, no entanto, o Oriente Médio e o Norte da África se tornaram em 2014 as regiões com o maior número de refugiados.
“Em 2014, nós vimos o número de pessoas sob os nossos cuidados crescer de uma forma sem precedentes. Enquanto a comunidade internacional não achar soluções para os conflitos existentes e para prevenir os que estão começando, vamos ter de continuar a lidar com as consequências humanitárias”, disse o responsável pelo estudo, António Guterres.
O país que mais refugiados recebeu foi o Paquistão, com 1,6 milhão, seguido pelo Líbano, cujo 1/4 da população tem status de refugiado, sendo a maior parte de origem síria. Entre os países industrializados, a Suécia lidera, representando 1% do universo de deslocados.
Guterres ressaltou que a situação mais difícil é a vivenciada pelos refugiados sírios – que lideram o ranking de refugiados – no Líbano, onde não existem acampamentos oficiais para eles e as condições climáticas são desfavoráveis, com fortes nevascas.
Na estimativa, não constam os palestinos refugiados no Oriente Médio, pois não são atendidos pelo Acnur e sim pelo Organismo da ONU para os Refugiados Palestinos, criado especialmente para este fim.
Já os afegãos, que lideraram o ranking até esta última contagem, seguem como a nacionalidade que sofre com a situação por um período mais prolongado.
NULL
NULL
De acordo com o estudo, o custo econômico, social e humano de atender essas pessoas é assumido na maioria das vezes por comunidades também pobres e resulta na queda dos salários e aumento no valor dos aluguéis.
Questão síria
Com mais de três milhões de refugiados, os sírios constituem, pela primeira vez, o grupo mais numeroso, representando 23% do total de atendidos pelo Acnur. Eles fogem do conflito armado que se arrasta por quase quatro anos e já matou mais de 200 mil pessoas e que, em 2014, teve como agravante o começo das ações do grupo (EI) Estado Islâmico no país.
Agência Efe
Refugiados sírios cruzam a fronteira para a Turquia para fugir do EI
Como consequência, Líbano, Turquia e Jordânia, que abriram as fronteiras para os cidadãos da nação vizinha, foram diretamente impactados, a ponto de um entre cada cinco habitantes do Líbano ser sírio.
Além disso, considerando o tamanho da população nacional, Líbano, que abriga 1,1 milhão de refugiados, e Jordânia, com 700 mil, passaram a ser os países que mais refugiados abrigam.
Para tentar contornar a situação, no início da semana, o Líbano passou a exigir visto para permitir a entrada de sírios no país, o que levou o Acnur a se pronunciar. “Estas medidas devem levar a comunidade internacional a melhorar de modo significativo o apoio aos países de acolhimento, como o Líbano, para os ajudar a enfrentar este enorme desafio”, disse Guterres na ocasião.
Ranking
A Somália é o terceiro país de onde provém o maior número de refugiados (1,1 milhão), seguido do Sudão (670.000), Sudão do Sul (509.000), República Democrática do Congo (493,000), Mianmar (480.000) e Iraque (426.0000).
Em termos absolutos, Paquistão, que abriga 1,6 milhão de refugiados afegãos, mantém-se como o primeiro país receptor, seguido do Líbano (1,1 milhão), Irã (982.000), Turquia (824.000), Jordânia (737.000), Etiópia (588.000), Quênia (537.000) e Chade (455.000).