Atualizada às 19h55
Em meio à instabilidade e tensão que tomou conta da França nas últimas 72 horas, o presidente, François Hollande, classificou nesta sexta-feira (09/01) como um “ato antissemita assustador” o ataque a um mercado judaico kosher que aconteceu no leste de Paris, em Porte de Vincennes, poucas horas atrás. Na ocasião, um homem armado chamado Amedy Coulibaly fez cinco reféns. Pelo menos quatro pessoas morreram, incluindo o atirador.
Análise: 'Charlie Hebdo', liberdade de expressão, terror e islamofobia
Em pronunciamento oficial nesta noite em Paris, Hollande declarou que os “atos cometidos não têm nada a ver com a religião muçulmana” e também reforçou uma tripla necessidade da nação: a vigilância, a unidade e a mobilização.
“Quero reforçar todos os meios de proteger os lugares públicos para que os cidadãos vivam tranquilamente de ameaças de risco, mas sejam vigilantes. Eu também peço unidade. Nossa unidade é nossa melhor arma. Devemos lutar contra qualquer coisa que possa nos dividir. Enfim, nós devemos nos mobilizar. Não podemos atacar pela força, mas pela solidariedade. A solidariedade nos mostrará nossa eficácia. É um ideal que é mais forte que nós”, disse o líder.
Opinião de Gilberto Maringoni: Um ataque à imprensa e aos muçulmanos
Hollande também aproveitou para avisar os cidadãos que estará presente em uma marcha que acontecerá em Paris no domingo (11/01). “Levem seus valores de democracia, liberdade e pluralismo”, tuitou. Além do francês, outros líderes mundiais anunciaram que estarão presentes no evento, como a chanceler alemã, Angela Merkel, o premiê britânico, David Cameron, o premiê italiano, Matteo Renzi, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Je serai à la marche dimanche et j'appelle tous les Français à se lever pour porter ces valeurs de démocratie, de liberté et de pluralisme.
— François Hollande (@fhollande) 9 janeiro 2015
NULL
NULL
Horas antes da declaração, a polícia francesa matou os irmãos Said e Chérif Kouachi, os dois principais suspeitos pelo ataque à revista Charlie Hebdo na última quarta (07/01), que deixou 12 mortos. Eles estavam em uma gráfica, na cidade de Dammartin-en-Goële, próxima a Paris.
Autoridades parisienses estudam a possibilidade de que Coulibaly seria o mesmo responsável pelo caso da policial morta a tiros na quinta-feira (08/01), relacionando os dois casos ao ataque à sede da revista. A namorada de Coulibaly, Hayat Boumeddiene, que seria cúmplice do tiroteio que matou a policial ontem, está foragida.
Leia também: Reflexão sobre a chacina de Paris
“Gostaria de exprimir minha gratidão àqueles e àquelas que se expuseram ao perigo de suas vidas nessa situação tão complicada. Quero exprimir meu reconhecimento – em nome de todos os franceses – a esses policiais que reagiram com grande profissionalismo e coragem”, declarou na tarde desta sexta o ministro do Interior, Bernard Cazaneuve, em coletiva nesta tarde. “A eficácia de nossa operação está em curso na melhor condição possível”, completou.
Obama expressa apoio
Paralelamente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, realizou um pronunciamento nesta tarde em que expressa apoio do governo norte-americano ao povo francês.
“O mundo já viu mais uma vez como os terroristas se posicionam. Eles não têm nada a oferecer, mas apenas ódio e sofrimento humano. Nós lutamos pela liberdade, esperança e dignidade de todos os seres humanos e é isso que a cidade de Paris representa para o mundo”, declarou Obama.
Além de Hollande e Cazaneuve, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou nesta noite que se trata de uma guerra contra o terrorismo. “Não é uma guerra contra uma religião, nem guerra contra civilizações”, disse ao ser entrevistado pela emissora BFMTV.