Diferentemente do que se costuma pensar, não são apenas o idioma e o processo de colonização que aproximam os cinemas de Brasil e Portugal. A principal ligação entre os filmes dos dois países está “na forma de ver e entender o mundo“. Esta é análise da professora de cinema da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Carolin Overhoff.
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“Existe uma relação muito forte entre os cinemas português e brasileiro. E ela não está diretamente relacionada à língua portuguesa. Mesmo com o processo histórico de colonização, a forma de entender o cinema como uma arte que vê e entende o mundo e também como o cinema pode criar o mundo de outra forma são as principais aproximações entre os dois países. Como Manoel de Oliveria e Glauber Rocha fazem cinema é um grande exemplo disso”, destaca Overhoff.
No livro “Cinema português: aproximações à sua história e indisciplinaridade”, Overhoff aponta que o cinema lusitano ganha destaque internacionalmente pelo modo artesanal de produção, distanciado do formato de “indústria” – utilizado em maior escala pelos brasileiros nas últimas décadas.
“Portugal é um país muito pequeno e a indústria de cinema nunca foi muito longe de fato. Então, Portugal sempre se valeu melhor da forma artesanal de produção. Manoel de Oliveira e todos os outros associados à escola portuguesa sabem como usar a questão artesanal de uma forma que o Brasil já abandonou – como feito em filmes de Eduardo Coutinho e Glauber Rocha, por exemplo”, analisa Overhoff.
A pesquisadora também afirma que o cinema português voltou a ficar em evidência nos últimos anos com o lançamento do filme “Tabu”, de Miguel Gomes, em 2012. Na ocasião, a película foi indicada pelo jornal The New York Times como um dos “melhores filmes estrangeiros de 2012”.
“O cinema português é periférico no cenário internacional. No entanto, tem muito destaque principalmente pelo nome de Manoel de Oliveira, o cineasta mais velho em atividade, com 106 anos“, analisa.
Reprodução
Carolin Overhoff destaca que cinema português ficou em evidencia novamente nos últimos anos com o filme Tabu, de Miguel Gomes
O cinema português
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