Atualizada 15h35
O promotor federal Alberto Nisman foi encontrado morto na noite deste domingo (18/01), horas antes de comparecer ao Congresso da Argentina para denunciar a presidente Cristina Kirchner por “fabricar inocência” de iranianos supostamente responsáveis pelo atentado contra a sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), que causou a morte de 85 pessoas em 18 de julho de 1994.
EFE
Nisman vivia no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires, e tinha sofisticado aparato de segurança para garantir sua integridade física
Depois do anúncio da morte de Nisman, o governo argentino ofereceu nesta segunda-feira (19/01) apoio para esclarecer o caso. “O juiz tem todo o apoio por parte das forças de segurança para garantir o esclarecimento deste fato doloroso”, declarou o chefe de Gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich.
O governo ainda confirmou que o corpo do promotor foi achado nesta madrugada no banheiro de seu domicílio, em Buenos Aires, junto “a uma arma de fogo de calibre 22”, sem antecipar uma hipótese sobre a causa de sua morte.
O incidente ocorre cinco dias depois de o fiscal especial da causa ter denunciado a presidente argentina e o chanceler, Héctor Timerman, pela encoberta dos supostos terroristas iranianos que perpetraram o atentado contra a sede judaica.
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Já Viviana Fein, promotora que investiga a morte de Nisman, pediu “prudência” e cautela” à espera das conclusões das investigações, mas adiantou que o falecimento se deu por um tiro na cabeça.
De acordo com a assessoria da presidente, Kirchner teve “a mesma reação de todos, de surpresa”, e segue “informada de tudo”, apesar de não ter dado nenhuma declaração.
O atentado contra a Amia deixou 85 mortos e 300 feridos em 18 de julho de 1994, dois anos depois que uma bomba explodiu diante da embaixada de Israel em Buenos Aires e deixou 29 mortos. A investigação da promotoria e a comunidade judaica atribuem ao Irã e ao Hezbollah o planejamento e a execução de ambos os atentados.
Alberto Nisman foi nomeado pelo presidente Néstor Kirchner (2003-2007) exclusivamente para investigar o atentado contra a Amia e exercia essa função desde 2004. Segundo o El Pais, o promotor tinha excelentes relações com o governo, até janeiro de 2013, quando Cristina Kirchner assinou com o Irã um tratado para esclarecer o atentado, sem a aprovação e o conhecimento de Nisman.