A investigação realizada pelo FBI não encontrou provas para acusar o policial que matou o jovem negro Michael Brown, em agosto do ano passado, em Ferguson, nos Estados Unidos. A morte de Brown reacendeu a discussão em torno do racismo em forma de violência policial nos Estados Unidos e provocou uma série de protestos em todo o país. Apesar de o Departamento de Justiça ainda não ter se pronunciado, a informação foi antecipada nesta quinta-feira (22/01) pelo jornal The New York Times.
Carlos Latuff
Decisão da Justiça, de novembro, de não indiciar policial que matou Brown gerou mais revolta nos EUA
A decisão final sobre a acusação do agente Darren Wilson ainda não foi tomada, o que deverá acontecer nas próximas semanas, antes que o secretário de Justiça, Eric Holder, deixe o cargo e seja substituído por Loretta Lynch, que ainda precisa da confirmação do Senado.
No dia 24 de novembro, a decisão de um grande júri de não acusar o policial levou milhares de pessoas às ruas de todo o país e a cidade de Ferguson, no estado do Missouri, reviveu os distúrbios raciais que ocorreram após a morte de Brown, no dia 9 de agosto.
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Diante da controvérsia gerada pelo caso, o Departamento de Justiça iniciou uma investigação independente para determinar se houve violação dos direitos civis. Segundo as fontes do New York Times, os investigadores federais não encontraram provas que justifiquem o indiciamento de Wilson e, portanto, recomendarão que ele não seja acusado.
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As leis norte-americanas autorizam policiais a disparar quando sua vida ou a de outras pessoas corre perigo. Eles também podem atirar quando um suspeito tenta fugir. De acordo com a versão de Wilson, ele foi agredido por Brown, que tentou pegar sua arma e, por isso, temeu perder a vida.
Carlos Latuff
Morte de Brown fez EUA reviver protestos contra racismo que lembraram os ocorridos nos anos 1960
As versões são contraditórias, o que dificulta a comprovação do ocorrido. Alguns depoimentos sustentam que o jovem estava com as mãos para o alto quando o policial atirou contra ele, enquanto outros garantem que Brown travou uma luta corporal com Wilson.
Desde a morte de Michael Brown, os protestos raciais, iniciados em Ferguson, se estenderam por mais de 170 cidades de todo o país, com especial intensidade em Nova York, Washington, e Los Angeles. Devido à proporção que a questão tomou no país, o presidente do país, Barack Obama, chegou a declarar que este “não é um problema de Ferguson, é um problema norte-americano” e garantiu uma investigação independente sobre o caso.
De acordo com a agência Associated Press, uma apuração mais ampla realizada pelo Departamento de Justiça sobre um suposto racismo entre policiais que realizam as patrulhas em Ferguson segue aberta. Tal processo poderia levar a consequências mais amplas do que qualquer causa individual, disseram especialistas.
Assim como no caso de Michael Brown, o policial envolvido na morte do também negro Eric Garner, em julho, não foi indiciado. Garner morreu em uma abordagem policial em Nova York após ser imobilizado com uma gravata.
Outra face da tensão racial no país foi revelada em dezembro, quando um homem identificado como Ismaaiyl Brinsley, de 28 anos, matou dois policiais como forma de vingar as mortes de Michael Brown e Eric Garner. O episódio também provocou a ira dos policiais de Nova York, que deram as costas ao prefeito Bill de Blasio, durante as homenagens aos mortos, por considerarem que Blasio deu demasiado apoio aos manifestantes.
*Com informações da Agência Efe