Após legalizar a venda de maconha no país, o presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica, aprovou a regulamentação do uso da droga para fins medicinais e pesquisas terapêuticas. “Está permitida a plantação, cultivo, colheita e comercialização da cannabis psicoativa e não psicoativa para uso, de forma exclusiva, para pesquisa científica”, diz o texto. Integrantes do sindicato médico, no entanto, criticaram a medida.
Agência Efe
Mujica esteve no Brasil nesta sexta (06/03), onde participou da cerimônia de 35 anos do PT em Belo Horizonte (MG)
Na última quarta-feira (04/03), Mujica assinou o decreto que determina que pessoas maiores de 18 anos poderão comprar a droga em farmácias habilitadas portando receita médica. A publicidade do uso com este fim, no entanto, está proibida e a fiscalização será realizada pelo Ministério de Saúde Pública.
A medida gerou críticas entre a comunidade médica. Após conhecer o conteúdo da decisão, o vice-presidente do sindicato médico, Gerardo Eguren, afirmou que médicos uruguaios não estão preparados para receitar a droga. “Na faculdade nunca nos disseram que maconha é medicinal. Não considero que estejamos em condições. A grande maioria de nós nunca estudamos os usos medicinais da maconha na faculdade”, disse em declarações ao jornal uruguaio El País.
Carlos Latuff
Previsão é que venda seja regularizada ainda este ano
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Apesar da posição do vice-presidente, o sindicato não tem uma posição definitiva e deverá convocar, para abril, uma conferência sobre a questão. A responsável pelo tema na agremiação, Julia Galzerano, afirmou que o encontro será realizado com fins de esclarecer a comunidade médica a respeito. “É uma substância que gera muita controveria”, disse.
Galzerano, no entanto, considera que a aprovação da lei é positiva, mas ressalta que “ainda faltam estudos para apontar se a maconha é um tratamento melhor que outra substância. Creio que falta muita informação sobre o tema”, concluiu.
Em dezembro de 2013 o Parlamento sancionou uma lei regulamentando a venda de maconha, mas a comercialização em farmácias está atrasada devido aos sucessivos adiamentos do processo. Atualmente, cerca de 1.300 uruguaios cultivam a erva para autoconsumo, de acordo com dados da Junta Nacional de Drogas.