* Atualizada às 11h07
Após 15 horas de reunião com os líderes de Ucrânia, França e Alemanha para resolver a crise ucraniana, o presidente russo Vladimir Putin anunciou nesta quinta-feira (12/02) que foi acordado um cessar-fogo no leste da Ucrânia que entrará em vigor a partir de 0h do domingo (15/02). Líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk também firmaram o documento para restabelecer a normalidade na região.
“Chegamos a um acordo importante”, disse Putin a jornalistas na cúpula de Minsk, no Belarus. Segundo o mandatário, as negociações contemplam um pacote de medidas para a aplicação dos acordos de Minsk assinados em setembro de 2014 e a retirada de armamento pesado de ambos os lados.
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Agência Efe
Quarteto da Normândia: Putin, Merkel, Holande e Poroshenko
Conforme noticiado pela agência RT, o acordo prevê:
– troca de prisioneiros por ambos os lados em um prazo máximo de 19 dias;
– concessão de anistia geral pelo governo central de Kierv aos manifestantes do leste do país;
– reforma constitucional “profunda”;
– eleições municipais, após as quais será restabelecido o controle do governo sobre as fronteiras entre Donetsk e Lugansk, o que deverá ocorrer até o fim do ano;
– reforma política na Ucrânia com a descentralização e status especial para as regiões de Donetsk e Lugansk; e,
– nova legislação que contenha o direito à linguagem (na região, a maior parte da população fala russo), autodeterminação, manutenção de laços fronteirços com a Rússia e permissão para que os governos locais empossem procuradores e juízes.
Reunião em Minsk
Putin explicou que a demora na conclusão das negociações aconteceu porque as autoridades de Kiev se negavam a manter contato direto com os manifestantes do leste do país.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também em declarações à imprensa, disse que o cessar-fogo é “um raio de esperança” para acabar com o conflito, como informou o site The Moscow Times.
Agência Efe
Em meio a acordos, quarta-feira foi um dos dias mais violentos no leste ucraniano, com mais de cem mortos
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“Partimos do pressuposto de que todas as partes do conflito ucraniano vão manifestar contenção até a cessação total das hostilidades”, ressaltou Putin.
O documento foi assinado pelos os manifestantes no Grupo de Contato, que inclui Kiev e os separatistas pró-Rússia com mediação da Rússia e da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação da Europa). Os líderes de Ucrânia (Petro Poroshenko), Rússia (Putin), Alemanha (Merkel) e França (François Hollande) não assinaram o material, mas se comprometeram verbalmente com a implantação do acordado, como informou o site Sputniknews.
O aperto de mão entre Putin e Poroshenko no início da cúpula chamou a atenção da imprensa mundial
O chefe da autoproclamada República Popular de Donetsk, Aleksander Zakharchenko, que assinou o documento, afirmou que ele requer consultas adicionais, mas se “os termos forem quebrados, não ocorrerão novos memorandos ou reuniões”. Na mesma linha, Holande afirmou, antes da reunião, que esta era a última chance para a paz.
Caso o processo diplomático não tenha sucesso, poderá haver um recrudescimento dos embates. Os Estados Unidos já sinalizaram disposição de enviar armamento à Ucrânia para que o país se defenda da “ameaça russa”. A Europa teme que este cenário possa desencadear uma guerra aberta na Ucrânia, tendo como atores os maiores rivais dos tempos da Guerra Fria.
Carlos Latuff/ Opera Mundi
EUA
Em meio às negociações em Minsk, os Estados Unidos anunciaram, nesta quarta-feira (11/02) que enviarão um batlhão com cerca de 600 soldados para treinarem as tropas ucranianas e melhorar sua capacidade de se defender de ataques de artilharia do grupo opositor.
Soldados da 173ª brigada aerotransportada, com base na Itália, começarão em março a treinar a Guarda Nacional Ucraniana e fornecerão capacitação defensiva contra ataques de artilharia e lançamentos de foguetes, e para defender estradas e posições estratégicas.