A idade média em que se começa a ingerir álcool no México caiu de 19 anos em 1995, para 12,6 em 2015, segundo reportagem do jornal La Jornada, publicada nesta segunda-feira (30/03). A constatação veio de um estudo apresentado em uma exposição realizada na Unam (Universidade Autônoma Metropolitana) durante o primeiro fórum universitário de condutas de risco em adolescentes.
Flickr/Ryuta Ishimoto
Álcool sempre é associado a diversão, o que atrai jovens
De acordo com o diretor do Instituto de Atenção e Prevenção de Aditivos no Distrito Federal do México, Rafael Camacho Solís, não é apenas o consumo de álcool que se tornou precoce. De acordo com o especialista, o uso de drogas ilícitas também acontece cada vez mais cedo no país. Entre adolescentes de 12 a 19 anos, 6,6 em cada 100 fazem uso de substâncias ilegais como maconha, metanfetaminas e cocaína. Há cinco anos, a proporção era de 4 para cada 100.
Da mesma forma, essas substâncias começam a ser usadas cada vez mais cedo. O uso de drogas inaláveis (como cola de sapateiro, lança-perfume, etc) inicia-se geralmente aos 13 anos; tabaco, aos 13,1; maconha aos 14,3 e metanfetaminas (também conhecidas como cristal ou speed) aos 14,5 anos.
Solís pontua, no entanto, que a incidência no consumo dessas drogas é maior na Cidade do México. Na capital, segundo ele, as mulheres consomem mais álcool, fumam-se mais cigarros, inala-se mais psicoativos voláteis e se consome mais drogas – legais e ilegais – do que no restante do país.
De acordo com a diretora dos Centros de Integração Juvenil, Carmen Fernández Cáceres, que também participou da exposição, essa realidade expõe os jovens a maiores possibilidades de acidente, atividades sexuais de risco e maior vulnerabilidade, além de uma diminuição na expectativa e qualidade de vida.
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A situação está sendo considerada um problema de saúde pública e está previsto que em junho seja publicada uma pesquisa nacional atualizada sobre o tema.
Levantamento realizado pelo governo em 2006, já apontava o crescimento do consumo dessas substâncias entre jovens em idade escolar. De acordo com o relatório, o fator está relacionado a uma modalidade de narcotráfico que realiza o comércio de substâncias ilícitas em pequenas quantidades, o que permite a introdução das mesmas em escolas. Assim, os jovens são incentivados a provar as substâncias de graça, tornando-se a partir daí potenciais consumidores.
Guerra às drogas
O México deixou de ser um país fornecedor e se tornou um país também consumidor de drogas, além de também ser um dos mais afetados pela chamada pela “guerra contra as drogas”. Nos últimos anos, o país perdeu entre 70 e 120 mil pessoas, entre mortos e desaparecidos (segundo dados de 2014), em meio ao intenso embate entre cartéis do narcotráfico e o governo.
Além disso, o país gasta cerca de 10% do PIB para enfrentar a violência e, apesar de o país ter intensificado o combate a grupos de narcotraficantes, a violência tem aumentado desde 2008, como revela o estudo Índice da Paz Mundial realizado pelo IEP (Instituto de Economia e Paz). O gasto para conter a violência no país é um dos maiores do mundo e representa o dobro do que o governo investe em saúde ou educação.