Atualizada às 15h12
O governo argentino ordenou nesta quinta-feira (09/04) a desclassificação dos arquivos secretos referentes ao atentado contra a embaixada de Israel em Buenos Aires em 1992, que deixou 29 mortos e mais de 200 feridos.
A decisão veio depois de um pedido realizado pela Corte Suprema de Justiça. De acordo com o decreto 529, a Agência Federal de Inteligência deverá fazer uma análise “da totalidade da documentação”.
EFE/Arquivo
Cristina Kirchner liberou investigação sobre atentado de 1992 contra sede diplomática israelense
A partir da investigação, o órgão deverá “remeter à Corte Suprema de Justiça da Nação aqueles documentos em que se encontram informações relacionadas com o brutal atentado”, aponta o veículo local Página 12.
Em março, a presidente argentina, Cristina Kirchner, já havia antecipado que o governo desclassificaria a documentação uma vez que a Corte Suprema solicitasse, na ocasião do 23° aniversário do ataque contra a sede diplomática israelense.
Além deste episódio, o governo Kirchner já havia tornado públicos, no mês passado, os arquivos sobre a investigação do ataque de 1994 contra a Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), onde morreram 85 pessoas.
Esse caso era investigado pelo promotor Aberto Nisman, encontrado morto em 18 de janeiro deste ano após denunciar a presidente pelo suposto acobertamento de suspeitos iranianos do atentado. Para a comunidade judaica, os responsáveis por ambos atentados foram Irã e o Hezbollah.
EFE
Nisman vivia no bairro Puerto Madero, em Buenos Aires, e tinha sofisticado aparato de segurança para garantir sua integridade física
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Disputa das Malvinas
A tensão entre Buenos Aires e Londres aumentou nos últimos dias, em meio ao aniversário de 33 anos da guerra das Malvinas. Hoje, o Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido convocou a embaixadora da Argentina em Londres, Alicia Castro, em protesto pelas recentes declarações do governo de Buenos Aires em relação à defesa das ilhas Malvinas.
“Opomo-nos fortemente às recentes declarações da presidente argentina (Cristina Kirchner) e da embaixadora argentina em Londres e, portanto, convocamos a embaixadora para dar conta disto”, disse um porta-voz das Relações Exteriores, citado pela Agência Efe.
Em resposta, Buenos Aires convocou o embaixador britânico, John Freeman, para pedir explicações pela denúncia de espionagem contra o país. Na quinta passada, o ex-analista da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), Edward Snowden, vazou novos documentos que atestam que o Reino Unido espionou autoridades argentinas por anos, temendo a possibilidade de perder o controle das ilhas.
“A vigilância e a intercepção ilícitas ou arbitrárias das comunicações, assim como a compilação ilícita ou arbitrária de dados pessoais, ao constituir atos de intrusão grave, violam os direitos à privacidade e à liberdade de expressão e podem ser contrários aos preceitos de uma sociedade democrática”, criticou a chancelaria argentina.
Flickr/Opera Mundi
Entrada de boas-vindas nas ilhas Malvinas, também chamadas de ilhas Falkland
Além disso, no fim de março, Londres anunciou investimento de US$ 268 milhões em infraestrutura militar no território que é reivindicado historicamente pelos sul-americanos.
Desde 1833, o governo britânico administra e ocupa as Malvinas — conhecidas na Inglaterra como ilhas Falkland — e rejeita apelos da Argentina e da comunidade internacional para abrir negociações a respeito da soberania da ilha.
Em 1982, houve uma guerra pela retomada do território. Após 70 dias de conflito, mais de 900 pessoas morreram e a Argentina saiu perdedora. A tensão ganhou novo fôlego em 2010, quando os britânicos descobriram uma grande reserva de gás e de petróleo offshore, que poderia render bilhões de dólares.