O brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, foi executado nesta terça-feira (28/04) — quarta (29/04) no horário local — após ter os pedidos de clemência negados pela Justiça indonésia, que não aceitou os argumentos da defesa de que o homem, preso ao tentar entrar com seis quilos de cocaína em pranchas de surf, tem esquizofrenia.
Gularte foi diagnosticado no ano passado, motivo pelo qual a defesa tentava convencer autoridades a reverter a condenação. Os advogados pediram ainda que ele fosse transferido para um hospital psiquiátrico, o que também foi negado. A família acredita que o brasileiro foi aliciado por traficantes devido ao seu estado mental.
A última pessoa com quem Gularte teve contato foi a prima Angelita Muxfeldt, que o visitou nesta terça (28/04) e que passou os últimos três meses na Indonésia tentando reverter a pena do familiar. Após negar, em um primeiro momento, o direito de ter três últimos pedidos atendidos, o cidadão paranaense pediu para ser enterrado no Brasil.
Ele pediu também para que as roupas que usou na cela sejam doadas: “por favor, isso aqui é para que a minha história continue”, segundo informou Leonardo Monteiro, encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Jacarta. Segundo ele, Gularte alternava momentos de lucidez com delírio.
Além do brasileiro, outras ste pessoas também foram executadas na prisão de Nusakambangan, sendo seis estrangeiros — dois australianos, quatro nigerianos, um de Gana — e um indonésio. A filipina Mary Jane Veloso, conseguiu ter a sentença adiada, assim cmo o francês Serge Atlaoui.
Filipinos protestaram, diante da embaixada da Indonésia, contra execução de Mary Jane Veloso
O presidente do país, Joko Widodo, rejeitou todos os pedidos de clemência pois alega que a Indonésia está numa situação de “emergência” causada pelas drogas.
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Gularte foi o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após também ser sido condenado à morte por tráfico de drogas, com outras quatro pessoas.
No domingo (26/04), o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, apelou ao governo indonésio para não executar as nove pessoas, entre as quais o brasileiro Rodrigo Gularte, condenadas à morte por tráfico de drogas, reiterando a tradicional oposição à pena capital.
Relações bilaterais
Apesar de a presidente Dilma Rousseff ter apelado pessoalmente junto ao presidente Widodo para que Marco Archer não fosse executado, ela não se manifestou desde que Gularte foi notificado no sábado (25/04). A assessoria de imprensa da Presidência da República, no entanto, disse que ela acompanhou o caso.
No último domingo (26/04), o Ministério de Relações Exteriores brasileiro entregou uma nota ao governo indonésio no qual classificou como “absolutamente inaceitável” a execução de Gularte.
As execuções dos dois brasileiros afetaram as relações bilaterais com a Indonésia. Em janeiro, após a execução de Archer, o embaixador do Brasil em Jacarta, Paulo Alberto da Silveira Soares, foi chamado para consultas, uma espécie de agravo ao país no qual está o diplomata.
“O recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena, afeta gravemente as relações entre nossos países”, disse nota da secretaria de Comunicação Social da Presidência da República à época da execução de Archer.