Andreas Lubitz, copiloto alemão acusado de derrubar em março um avião da Germanwings com 150 pessoas a bordo na região dos Alpes na França, “ensaiou” seu suicídio no voo de ida da aeronave (Düsseldorf – Barcelona), confirmaram nesta quarta-feira (06/05) os investigadores do acidente, que asseguraram que o fato não tinha como ser detectado.
Nem os tripulantes, nem o controle aéreo francês e nem os ocupantes do avião perceberam que Lubitz tinha programado o avião para que baixasse até a altura mínima possível, 100 pés, cerca de 30 metros, em cinco ocasiões durante voo, embora finalmente tenha corrigido a manobra.
O diretor do Escritório de Investigação e Análise (BEA), Remi Jouty, responsável pelas investigações técnicas, indicou a um grupo que é possível concluir que Lubitz “ensaiou o gesto que depois realizou”, apesar de considerar “prematuro” antecipar motivos que tenham levado a isso.
A informação foi dada primeiramente pelo jornal alemão Bild e confirmada pelo BEA. O aparelho, um Airbus A320, tinha partido às 6h01 local da cidade alemã com destino a Barcelona com a mesma tripulação que posteriormente faria a volta.
Às 7h19, o piloto saiu da cabine e, nessa ocasião, Lubitz regulou até em cinco ocasiões, em apenas quatro minutos, o piloto automático em posição de 100 pés, a mínima permitida, e a mesma que horas mais tarde terminou em colisão.
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Os controles de tráfego de Bordeaux já haviam ordenado que a aeronave iniciasse o procedimento de descida – de 37 mil pés para 35 mil e, posteriormente, a 21 mil. Por isso, não perceberam as manobras, assim como os passageiros.
Após os testes, momentos antes de o piloto voltar a seu posto de comando, Lubitz voltou a situar o avião em sua altura normal, prévia ao início da manobra de aterrissagem, que aconteceu sem problemas às 7h57.
Volta
Às 9h, o avião decolou novamente do aeroporto de Barcelona com destino a Düsseldorf e 41 minutos mais tarde caiu na montanha depois que o copiloto, outra vez sozinho na cabine, voltou a dirigi-lo a uma altura de 100 pés.
O relatório preliminar publicado hoje confirma que Lubitz manipulou de forma voluntária o avião para chocá-lo e abre a porta para fase seguinte das investigações, que passa por “examinar o sistema de avaliação de atitude dos pilotos” de linhas aéreas, segundo Jouty.
“Temos que tentar determinar como é possível que um piloto com problemas psicológicos possa estar na cabine de comando apesar de haver todo um sistema de acompanhamento”, afirmou Jouty, que reconheceu que há “exigências contraditórias difíceis de conciliar” entre os imperativos de segurança que permitem aos pilotos se isolar na cabine e os imprevistos psiquiátricos.
(*) Com Efe