Em meio à crise de desabastecimento de medicamentos, que tem deixado diversos hospitais venezuelanos em situação de atendimento precário e tem colocado em risco a vida de pessoas que convivem com doenças crônicas, o governo do presidente Nicolás Maduro anunciou, nesta quinta-feira (14/05), ter localizado de mais de 14.760 mil unidades de remédios vencidos no estado de Zulia.
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Lote de Vitamina B12
O material foi encontrado no depósito da empresa comercializadora e distribuidora SM Pharma C.A que, de acordo com o superintendente de Preços Justos, Andrés Eloy Méndez, recebeu do Estado mais de US$ 4 milhões preferenciais desde 2009 para a importação desses medicamentos.
Durante a fiscalização realizada pela Superintendência de Preços Justos no estado de Zulia, governada pelo chavismo, foram encontradas 1,08 milhão de unidades de Vitamina B12 — que combate a anemia — vencidas e 1,96 milhão incineradas; 2,5 milhões do anti-inflamatório Diclofenaco Potásico, em forma de comprimidos; três toneladas do antibiótico ampicilina e mais de 60 mil unidades de outros medicamentos.
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Material estava armazenado em galpão
“Nos dá tristeza saber que essa empresa manteve os medicamentos armazenados enquanto no ano passado houve um surto de Chincungunya e muitos venezuelanos morreram pela falta da vitamina B12, que é fundamental para combater o vírus. Essa é só uma mostra do dano que nos foi feito pela burguesia em meio à guerra econômica que vivemos”, disse Méndez.
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O superintendente disse ainda que se trata de uma “prática da direita, da insensatez da ultradireita, que pouco se importa em assassinar com armas, com fome e com o estocamento de um medicamento que pode salvar vidas”, afirmou.
Tarek Saab
Em entrevista ao Opera Mundi, o presidente do Poder Cidadão e Defensor do Povo (espécie de defensor público), Tarek William Saab, o fato de que pessoas tenham que enfrentar longas filas para comprar alimentos e, sobretudo a falta de medicamentos básicos para tratar doenças crônicas como diabetes e pressão alta se deve à “guerra econômica”.
A esse respeito, Saab ressaltou que foram criadas mesas de trabalho a pedido da defensoria do povo para tratar a questão. No momento, está sendo dada prioridade a pessoas mais vulneráveis como mulheres grávidas, idosos e deficientes físicos.
Já com relação à distribuição de medicamentos, o político acrescentou que durante reunião com a presidente Dilma Rousseff em janeiro, Maduro fez um acordo com a empresa Eurofarma para que o Estado compre os medicamentos diretamente do laboratório brasileiro. Além disso, também está sendo estudada a instalação de um laboratório da empresa na Venezuela.