Meios de comunicação norte-americanos divulgaram neste sábado (20/06) um site com fotos do autor do massacre em uma igreja da cidade de Charleston, Dylann Roof, no qual aparecem imagens suas e um manifesto racista que se acredita ser de autoria dele. No texto, na parte destinada aos hispânicos – os quais diz serem “inimigos” – o autor afirma que há “bom sangue branco que vale a pena salvar no Uruguai, na Argentina, no Chile e até no Brasil.”
“Hispânicos são obviamente um grande problema para americanos. Mas há bons hispânicos e maus hispânicos. Lembro que, enquanto assistia a emissoras de TV hispânicas, os programas e até os comerciais eram mais Brancos que nós mesmos. Eles têm respeito pela beleza Branca, e boa parte dos hispânicos são Brancos. É um fato conhecido que hispânicos Brancos são a elite da maioria dos países hispânicos. Há bom sangue Branco que vale a pena salvar no Uruguai, na Argentina, no Chile e até no Brasil”, afirma no texto, em que usa a palavra “branco” com letra maiúscula.
Reprodução
Foto em site que se atribui a Roof mostra o autor dos disparos segurando arma e bandeira dos Estados Confederados da época da Guerra de Secessão do EUA, que resistiram em acabar com a escravidão e é comumente associada a movimentos racistas
A página tem o nome de “Last Rhodesian” (“Ultimo Rodesiano”), em referência à antiga república da Rodésia, onde imperou um governo racista governado pela minoria branca, até que em 1980 se transformou no Zimbábue. Na foto do perfil de Roof no Facebook, ele aparece trajando um casaco com as bandeiras da Rodésia e da África do Sul da época do apartheid.
Segundo o jornal The New York Times, não está claro, no entanto, se o manifesto postado no site foi efetivamente escrito por Roof, autor dos disparos que na quarta-feira (17/06) mataram nove pessoas em uma igreja de Charleston (Carolina do Sul). O FBI investiga a conexão.
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O site inclui uma fotografia de Roof apontando para a câmera com uma pistola, outra em que aparece armado e portando uma bandeira confederada e uma mais na qual está retratado queimando uma bandeira americana. Em outra das imagens, aparece uma pistola com sete balas, uma Glock calibre 45, o mesmo modelo que, de acordo com as investigações, foi o que Roof utilizou para os assassinatos de Charleston.
No final do texto, em uma parte chamada “uma explicação”, o autor diz: “Não tenho escolha. Não estou em posição de, sozinho, ir a um gueto e lutar. Eu escolhi Charleston porque é a cidade mais histórica no meu estado, e em uma época tinha a maior proporção de negros frente a brancos no país. Nós não temos skinheads, não temos um KKK [Ku Klux Klan, grupo racista muito ativo no século XX nos EUA] real, ninguém fazendo nada a não ser falar na internet. Bom, alguém tem que ter a bravura de levar isso para o mundo real, e acho que esse alguém tem que ser eu.”
Segundo o Times, o texto foi modificado pela última vez na tarde da quarta-feira passada, mesmo dia em que Roof cometeu o massacre na igreja de Charleston. De acordo com o mesmo jornal, o endereço eletrônico foi registrado no último dia 8 de fevereiro com o nome de Dylann Roof, residente em Eastover (Carolina do Sul), o mesmo nome do assassino de Charleston e a mesma cidade na qual residia.
No dia seguinte, no entanto, a informação do registro foi ocultada, embora tenha sido verificada pelo Times.
Segundo o jornal nova-iorquino, um amigo de Roof, Jacob Meek, assegurou que algumas das referências mencionadas no texto indicam que o assassino confesso foi quem redigiu o manifesto racista.