Atualizada às 10h20
Horas após entrar oficialmente em default técnico por não transferir para o FMI (Fundo Monetário Internacional) o valor da parcela de € 1,6 bilhão, a Grécia voltou nesta quarta-feira (01/07) à mesa de negociação com credores europeus.
Em uma carta enviada a credores, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu “mudanças graduais” às condições impostas pelo Eurogrupo. Segundo reportou a Reuters, ele pede reformas na previdência e no mercado de trabalho, assim como a adoção de corte menor aos gastos militares neste ano.
EFE
Tsipras insiste em certos ajustes para fechar acordo com Eurogrupo
O vice-presidente da Comissão Europeia (CE) para o Euro, Valdis Dombrovskis, assegurou nesta quarta que “a porta segue aberta” para continuar com a negociação sobre a crise econômica da Grécia.
De acordo com fontes da France Presse, Atenas considera suspender o referendo previsto para o próximo domingo (05/07), em prol da retomada das negociações com a União Europeia. Além de ter gerado a ira de líderes europeus, a consulta popular custará cerca de € 20 milhões ao país, informou o ministro do Interior grego, Nikos Voutsis.
Em relação ao referendo, Dombrovskis disse que a pergunta que será feita “não é realmente válida” já que “reflete uma pergunta sobre um programa que expirou”.
O impasse de um acordo entre o governo grego — encabeçado pelo partido de esquerda Syriza — e a troika (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Europeia) fez as bolsas subirem na Europa e na Ásia nesta manhã, após dias de pessimismo e de uma onda de quedas no mercado em meio à incerteza.
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Calote
Na noite de terça-feira (30/06), a Grécia se tornou o primeiro país de economia considerada “desenvolvida” a dar calote nos últimos 71 anos.
“Confirmo que o pagamento de cerca de 1,6 bilhão de euros devidos pela Grécia ao FMI hoje não foi recebido. Informamos ao Diretório Executivo que a Grécia está agora em moratória e só pode receber recursos assim que os atrasos tenham sido compensados”, disse Gerry Rice, porta-voz da instituição, em breve comunicado.
Com o ato, o país heleno também se torna o maior devedor do fundo internacional, uma vez que deve no total 35 bilhões de euros (R$ 120 bilhões, aproximadamente), como resultado do plano de resgate acordado em 2010. Até o final do ano, o país ainda deve pagar 5,5 bilhões de euros (R$ 19 bilhões).
Referendo e manifestação
No fim de semana, o governo grego anunciou a criação de um referendo para que a população decida sobre aceitar ou não o acordo proposto pelos credores sobre a dívida grega. Ontem, ao menos 22.000 pessoas foram à praça Syntagma, em Atenas, para se manifestarem a favor do “sim” no referendo marcado para domingo, reportou a agência de notícias grega Skai.
EFE
Manifestação em Atenas: população está dividida entre o 'sim' e o 'não' em referendo que acontecerá no fim de semana
Neste local, na segunda (29/06), outra manifestação reuniu milhares pedindo voto no “não”. Na ocasião, Tsipras disse que, caso o “sim” vença, renunciará um dia após o referendo.
No domingo (28/06), o governo grego anunciou medidas de restrição de capitais, limitando a retirada de dinheiro a € 60 euros, bem como ordenando o fechamento de bancos e dos mercados até o dia 7 de julho. A decisão gerou uma corrida a caixas eletrônicos. No fim de semana, já eram vistas filas nos caixas, quando a população grega temia o bloqueio de divisas.
Nos últimos meses, o governo grego tentou negociar com os credores a possibilidade de um novo empréstimo no valor de 7,2 bilhões de euros, em troca de reformas orçamentárias. Uma das principais exigências do Eurogrupo é o corte no setor previdenciário, algo a que os ministros do Syriza radicalmente se opõem.