Atualizada às 19h48
Pelo menos 40 mil pessoas foram às ruas nesta sexta-feira (03/07), em Atenas, em manifestações que defenderam tanto o voto “não” quanto o “sim” no referendo deste domingo (05/07). Na praça Syntagma, no centro da capital, cerca de 25 mil se reuniram pelo não; já do lado de fora do antigo estádio olímpico da cidade, 20 mil se concentraram para pedir o voto no “sim”.
A votação deste domingo questionará a população sobre aceitar ou não o acordo oferecido pela troika (Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu).
Agência Efe
Premiê chegou a afirmar, no início da semana, que vai renunciar se 'sim' ganhar
De acordo com a pesquisa divulgada na quinta (02/07) pela empresa Public Issue, e publicada pelo jornal ateniense AVGI, 43% dos gregos votarão no “não” e 42,5%, “sim”. Mas, quando perguntado aos que ainda estavam indecisos sobre qual a possível inclinação que terão no domingo, o resultado revela que o “sim” ganharia com 45,5% e o “não” com 45%, mantendo 3,5% de indecisos.
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Apesar da campanha realizada pessoalmente pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras pelo “não”, representantes da União Europeia têm dado apoio à campanha pelo “sim”. Jeroen Dijsselbloem, presidente do conselho de ministros das Finanças da zona do euro, o Eurogrupo, declarou que a Grécia “não terá lugar na zona do euro” se votar “não”. A posição foi chamada de “chantagem” por Tsipras. Mais cedo, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que o referendo grego não é uma consulta sobre a adesão ao euro, numa tentativa de amenizar os ânimos entre a Grécia e os credores.
Manifestações de apoio à Grécia e ao movimento antiausteridade, liderado por Tsipras e seu partido Syriza, foram realizados em diversas cidades europeias, incluindo Roma e várias localidades na Alemanha.
Vídeo publicado pela organização Plataforma Auditoría Ciudadana de la Deuda dá apoio à Grécia e se posiciona contra o pagamento da dívida:
Com relação à cobertura que vem sendo realizada pelos veículos de comunicação gregos, a correspondente do jornal inglês The Guardian na Grécia Helena Smith afirmou que o discurso do premiê nesta sexta não foi transmitido pela totalidade dos canais de televisão do país. “A mídia não tem vergonha de mostrar suas cores políticas: eles estão avidamente colocando seu peso pelo voto no ‘sim’”.
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Mais de 10 milhões de gregos estão aptos a votar neste domingo. O resultado é previsto para uma ou duas horas após o fim da votação. Espera-se participação de pelo menos 40% dos eleitores.
“Não”
“No lugar onde nasceu a democracia, damos uma oportunidade à Europa para voltar aos seus valores originais, valores abandonados há anos em favor da austeridade”, disse Tsipras durante o ato pelo “não”.
Agência Efe
Pesquisa revela que jovens têm mais inclinação a votar pelo 'não'
O premiê descreveu o ato como uma celebração e não um protesto. “Hoje festejamos e cantamos para combater o medo e as chantagens. Hoje não protestamos, hoje festejamos, a democracia é uma festa, e festejamos a vitória da democracia”.
Uma plataforma, integrada por partidos políticos, empresários e sindicatos, pedia o “sim”, em manifestação também festiva e sem incidentes.
Agência Efe
Manifestação pelo “sim” aconteceu nas imediações do antigo estádio olímpico de Atenas
Em favor do acordo com a troika discursaram pequenos empresários, representantes municipais de várias partes do país, e o prefeito de Atenas, o independente Yorgos Kaminis, um dos organizadores da plataforma pelo “sim”.
“Nos obrigam a votar sem nos dar tempo para pensar, para debater com calma, com uma pergunta que ninguém pode entender. Tsipras já não tem com quem discutir na Europa, ninguém acredita nele. Ninguém nos presenteou com a democracia, a construímos com muito esforço e a protegeremos”, disse Kaminis, em meio a aplausos.