Desde 1990, mais de um bilhão de pessoas deixaram a pobreza extrema em todo o mundo. Hoje, 836 milhões sobrevivem com menos de US$ 1,25 por dia, quando, há 25 anos, esse número era de 1,9 bilhão. Na América Latina, o número caiu de 13% para 4% no mesmo período. É o que aponta o último relatório dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) nesta segunda-feira (06/07).
A meta de redução da pobreza, o primeiro dos objetivos fixados em 2000 pelos países que integram as Nações Unidas, foi cumprida com cinco anos de antecipação, em 2010, e a classe média praticamente triplicou nesse período, representando hoje a metade da força de trabalho nos países em desenvolvimento, quando em 1991 era apenas 18%.
Agência Efe
Ban Ki-moon ressaltou avanços, mas ponderou que 'muitos ficaram para trás'
Apesar disso, o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, ressaltou que “o progresso não alcançou a todos. Muitas pessoas ficaram para trás”, especialmente nas regiões do sudeste asiático, Caribe, Oceania e África subsaariana.
De acordo com Ban, “a mobilização global em respaldo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio produziu o movimento contra a pobreza mais bem-sucedido da história”. Ele ressaltou, no entanto, que apesar dos avanços, “as desigualdades persistem e o progresso foi irregular”.
A ONU também apresentou os resultados obtidos na redução da mortalidade infantil e na luta contra doenças como Aids e malária. Com relação ao acesso à educação, hoje 91% das crianças têm acesso à escolarização primária nos países em desenvolvimento.
Desafios
Por outro lado, a organização reconheceu que os avanços foram muito desiguais e que, em muitos casos, deixaram de lado os mais desfavorecidos – concentrados nas áreas mais pobres e em grupos com desvantagens por sexo, idade ou etnia – que não se beneficiaram em muitos dos casos das melhoras obtidas na luta contra a fome e o acesso ao saneamento básico.
Nessa linha, o subsecretário geral para Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Wu Hongbo, ressaltou que os avanços “foram desiguais entre regiões e países” e lembrou a distância que segue separando ricos e pobres, populações rurais das urbanas e a discriminação que as mulheres seguem sofrendo.
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Com relação ao terceiro Objetivo do Milênio, que era de reduzir a discriminação à mulher, o relatório reconhece avanços, como o acesso à educação primária, mas pontua que nos níveis mais altos, a desigualdade de gênero persiste e as mulheres seguem enfrentando discriminação no trabalho, na economia e na participação na tomada de decisões pública e privada.
O estudo destaca que, na América Latina e no Caribe, para cada cem homens que vivem em locais pobres, há 117 mulheres, situação pior do que a verificada nos anos 1990, apesar da redução da pobreza verificada no continente.
Banco Mundial
Desigualdade de gênero ainda é uma realidade na América Latina e Caribe
Além disso, o texto ressalta que, desde 1990, as emissões de dióxido de carbono aumentaram em mais de 50% e a escassez de água já afeta 40% da população mundial, número que pode aumentar nos próximos anos. Ainda assim, 147 países cumpriram a meta de melhorar o acesso ao recurso hídrico.
Os oito objetivos fixados em 2000 eram: oferta universal de ensino primário; promoção da igualdade de gênero; redução da mortalidade infantil; melhoria da saúde materna; combate ao HIV, vírus que provoca a Aids; defesa do meio ambiente e o fomento de uma associação mundial para o desenvolvimento.
O trabalho deverá ter continuidade com a aprovação, neste ano, de uma nova agenda global de desenvolvimento para os próximos 15 anos.