Em entrevista coletiva concedida por ocasião da reabertura da embaixada cubana em Washington, após 54 anos, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou que, apesar do ato histórico celebrado hoje, “a normalização das relações será um processo longo e complexo”.
Kerry ressaltou que para que o processo seja concluído, será “necessária muita paciência e pode ser que haja frustração no meio do caminho”. Ele reconheceu ainda que o processo “deveria ter começado há muito tempo. Mas estamos dando um passo histórico na direção correta”.
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Esta foi a primeira visita de um chanceler cubano aos EUA em anos
Em espanhol, o representante norte-americano disse que se trata de “um novo começo na relação com o povo e o governo de Cuba e estamos decididos a viver como bons vizinhos, com base no respeito mútuo. Queremos que cada cidadão olhe o futuro com esperança”, ressaltou.
Com relação ao fato, mencionado por muitos, de que o gesto marca verdadeiramente o fim da Guerra Fria, Kerry observou que “havia batalhas profundas no país sobre esse tema [relação com Cuba] e mostramos que havia um caminho melhor”.
Quanto ao bloqueio econômico e financeiro imposto à ilha e que é uma das reivindicações do governo cubano para a retomada das relações, Kerry observou que o presidente norte-americano, Barack Obama, pediu ao Congresso do país que retire o bloqueio e ressaltou que a questão poderá ser votada proximamente. “Espero que não demore anos e que as pessoas vejam os benefícios da retomada das nossas relações”, pontuou Kerry.
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Bandeira cubana foi içada na sede diplomática cubana na capital norte-americana pela primeira vez em 54 anos
Soberania
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, por sua vez, ressaltou que a reabertura das embaixadas em Havana e Washington demonstra que os Estados Unidos reconhecem Cuba como um país soberano e independente.
Durante toda sua exposição, Rodríguez fez questão de frisar que a ilha caribenha não abriu mão de seus princípios e que o país vizinho se comprometeu a não tentar intervir na política cubana. “Pudemos falar em condições de igualdade e soberanamente. Isso demonstra que o diálogo foi proveitoso”, afirmou o chanceler.
“Não teríamos chegado a esse momento sem Fidel Castro e sem a resistência do povo de Cuba, que teve a convicção de seguir seu caminho soberanamente”, observou o cubano.
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Rodríguez voltou a ressaltar que, além do fim do bloqueio, para que as relações sejam normalizadas, é preciso que os Estados Unidos devolvam o território de Guantánamo “ocupado ilegalmente” e que faça uma compensação pelos danos humanos e econômicos contra a ilha ocorridos nas últimas décadas.
Havana
A cerimônia de hasteamento da bandeira norte-americana em Cuba só acontecerá com a visita de Kerry, prevista para 14 de agosto.
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Mulheres caminham diante de cartaz exaltando Revolução Cubana
O processo de normalização tem ocorrido de forma paulatina.
Após o anúncio de restabelecimento das relações, ocorrido em 17 de dezembro do ano passado, os Estados Unidos fizeram um gesto de boa vontade ao retirar oficialmente a ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo, o que ocorreu em 29 de maio de 2015 e era uma demanda histórica do país.