O Parlamento da Grécia aprovou na madrugada desta quinta-feira (23/07) o segundo pacote de reformas exigidas pelos credores europeus. Trata-se de um pré-requisito para as negociações sobre o terceiro resgate financeiro ao país no valor de 86 bilhões de euros.
EFE
Sede do legislativo, em Atenas: 36 dos 149 parlamentares do Syriza votaram contra, quase um quarto do partido
Apesar de a medida ter obtido respaldo de ampla maioria dos deputados gregos — 230 a favor e 63 contra — a votação foi marcada mais uma vez pelas dissidências dentro do partido governista de esquerda, o Syriza. Para expressar seu descontentamento, a presidente do Legislativo, Zoé Konstantopoulou, por exemplo, abriu mão de presidir a sessão.
Para o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a votação das reformas estipuladas com a zona do euro é apenas um passo para negociar as condições do terceiro resgate e garantiu que o governo tentará buscar “alianças” entre seus sócios europeus para “melhorar” o acordo final.
Em discurso no parlamento, o chefe de governo ainda destacou mais uma vez que se trata de um programa no qual não acredita e que ninguém pode “afirmar que a autoria do programa pertence ao governo grego”.
EFE
Tsipras tenta apaziguar os ânimos, argumentando que acordo é modelo de credores, não grego
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De modo geral, o projeto de lei contou com o apoio da oposição formada por conservadores, liberais e social-democratas, que apoiam a criação de novas regras para lidar com bancos falidos e acelerar a burocracia do sistema judiciário, conforme as exigências dos credores europeus.
Mal estar no Syriza
O racha no interior da legenda governista é visto desde 13 de julho, após a assinatura de um acordo que prevê cortes orçamentários e privatizações entre Tsipras e a troika (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).
Para muitos deputados do Syriza, Tsipras não respeitou o resultado do referendo de 5 de julho, em que mais de 61% da população grega optou por um “não” a um acordo com sócios europeus que implicasse duras medidas de austeridade.
Apesar disso, o racha entre os parlamentares do partido governista não foi tão intenso como na primeira votação de 15 de julho, já que, dois dias depois, o chefe de governo fez modificações dentro do seu gabinete e ao menos três ministros pediram demissão nas últimas semanas.