Apesar da crise financeira e da turbulência política, a Grécia teve um aumento “dramático” de desembarque de imigrantes e refugiados, segundo novos dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), divulgado nesta terça-feira (18/08). Apenas em julho de 2015, o país foi destino de 50.242 pessoas — número superior aos 43.500 que chegaram durante todo ano de 2014. Com isso, o total de imigrantes e refugiados na Grécia ultrapassou a marca de 160 mil.
EFE
Refugiado com criança na ilha grega de Kos
Em entrevista a jornalistas em Genebra (Suíça), o porta-voz do Acnur, William Spindler, destacou que, apesar da crise, o governo do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tem a responsabilidade de fazer mais. Além disso, para o representante, a União Europeia também tem que dar mais apoio a Atenas nesse panorama.
“A infraestrutura de recepção, os procedimentos de registro e serviços tanto nas ilhas, quanto no continente, necessitam ser fortalecidos. Nós recomendamos às autoridades gregas a designar um único corpo para coordenar uma resposta emergencial e criar um mecanismo de assistência humanitária adequado”, pontuou Spindler.
EFE
Maioria dos refugiados que chegam à Grécia é de origem síria e foge do conflito que já dura quatro anos
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Crise interna e externa
A situação ocorre em meio ao colapso econômico da Grécia, a crise interna entre o partido de esquerda governista Syriza e as negociações com credores acerca de um programa de terceiro resgate de quase 90 bilhões de euros, em troca de medidas de austeridade.
Um caso que ilustra a precariedade da situação na capital grega é o de 500 imigrantes – principalmente famílias afegãs com crianças pequenas – que vivem em um estacionamento, reportou a Agência Efe.
“Distribuir comida ao povo em plena rua… Sem que haja pelo menos um sistema de recolhimento de resíduos não representa, em absoluto, condições de recepção apropriadas e torna mais difícil nosso trabalho”, argumentou Vincent Cochetel, diretor do Acnur para a Europa, em outra coletiva de imprensa, há dez dias.
Na ocasião, Cochetel disse que em 30 anos trabalhando com o Acnur, durante os quais foi testemunha de várias crises de refugiados na África e Ásia, nunca viu uma situação tão dramática como a que aconteceu nas ilhas gregas, que visitou recentemente. “Isto é a União Europeia e é totalmente vergonhoso”.
EFE
Muitos chegam à Europa via Grécia, mas não necessariamente ficam lá, partindo para outros países