O Parlamento da Ucrânia aprovou nesta segunda-feira (31/08), em primeira leitura, um projeto de reforma constitucional que dá mais autonomia à região pró-russa no leste do país. A ideia desta chamada 'descentralização de poder', que estava prevista nos acordos de paz de Minsk, é aplacar o discurso separatista em Donetsk e Lugansk; no entanto, divergências no bloco de legisladores pró-Ocidente podem tornar difícil o caminho até a sanção definitiva do projeto.
Do lado de fora da Rada Suprema, o parlamento do local, houve enfrentamentos e protestos contra a aprovação da reforma constitucional. Mais de 100 militares e policiais, além de civis, ficaram feridoss após uma explosão ocorrida nas imediações do prédio público.
Agência Efe
Manifestantes foram à sede do parlamento protestar contra a aprovação de reformas que dão mais autonomia aos pró-russos
Segundo a agência Efe, manifestantes lançaram uma bomba contra o cordão policial que isolava o parlamento local. O grupo que foi às ruas da capital Kiev é contra mudanças na Constituição por considerar que alterar o dispositivo seria uma ameaça à soberania e à independência do país.
Jornalistas que cobriam o ato em Kiev pelas agências de notícias RT, RIA Novosti e TASS afirmam que os mais de 1.000 manifestantes eram membros de grupos e partidos de extrema-direita, e seguravam cartazes dizendo 'Não ao status especial para Donbass' e 'Moradores de Donbass, vão embora', em referência à região pró-russa que contempla Donetsk e Lugansk.
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A descentralização do poder era uma condição do acordo de trégua assinado no mês de fevereiro em Minsk cujo objetivo era pôr fim ao conflito entre tropas de segurança da Ucrânia e milícia armadas separatistas em Lugansk e Donetsk, que têm o apoio russo.
Agência Efe
Agêncies de notícias afirmam que os mais de 1.000 manifestantes que foram à sede do parlamento são membros de grupos de extrema-direita
Dos 450 assentos parlamentares, 256 votaram pela aprovação inicial da reforma — 39 a mais do que o necessário. Três partidos que integram a coalizão governista do presidente Petro Poroshenko, entretanto, se opuseram às mudanças.
Embora o presidente negue que a reforma dê à região status especial, os partidos ultranacionalistas a consideram uma concessão inaceitável aos pró-russos.
Os líderes dos governos autoproclamados de Donetsk e Lugansk rejeitaram o pacote de reformas constitucionais, justamente por considerar que a região deve receber “status especial”.
A medida ainda voltará ao parlamento na próxima terça-feira (1º/09), quando será submetida à aprovação final. O presidente do parlamento, Vladimir Groisman, recalcou que a aprovação em primeira leitura das emendas constitucionais é só o começo de um debate que se prolongará durante vários meses antes de sua adoção definitiva, que necessita de uma maioria parlamentar qualificada de dois terços.
* Com informações da Agência Efe