A coalizão de centro-direita Portugal à Frente (PàF) venceu no domingo (04/10) as eleições legislativas de Portugal com 36,8% dos votos contra 32,4% do Partido Socialista (PS). Entretanto, a legenda perdeu maioria parlamentar.
Com o resultado das urnas 100% apuradas, o PàF — formado pelo Partido Social Democrata (PSD) e o Partido Popular (CDS-PP), ambos de centro-direita — obteve 104 deputados, ao passo que o PS conquistou 85 assentos no Parlamento português, composto por 230 cadeiras.
EFE
Primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Passos Coelho (à esq), discursa com o líder do CDS, Paulo Portas, após resultados
O Bloco de Esquerda (BE) será a terceira força parlamentar em Portugal, com 10,2% dos votos e 19 assentos no Legislativo, seguido da Coligação Democrática Unitária (CDU) — aliança entre os partidos Comunista (PCP) e Ecologista — que obteve 8,3% dos votos e 17 cadeiras.
Para a imprensa portuguesa, a perda da maioria absoluta torna o próximo governo frágil perante uma maioria de esquerda no Parlamento. Apesar da vitória, a coalizão de direita governista perdeu quase 600 mil votos se comparado ao último pleito.
“Não conseguimos chegar, como era nosso desejo, a uma maioria suficiente no parlamento para poder formar um governo estável”, admitiu o primeiro-ministro de Portugal e líder do Pàf, Pedro Passos Coelho, após os resultados.
Em relação às últimas eleições de 2011, o partido que teve o crescimento mais expressivo em Portugal foi o Bloco de Esquerda, que conseguiu quase o dobro de apoio – 550 mil – frente aos 289 mil de quatro anos atrás.
NULL
NULL
No domingo, mais de 9,6 milhões de cidadãos foram convocados às urnas para escolher os 230 deputados do novo Parlamento português, chamado de Assembleia da República. Entretanto, a taxa de abstenção nas eleições legislativas bateu um novo recorde histórico no país ao atingir 43%, o que representa uma alta de mais de um ponto em relação a 2011.
Austeridade novamente
Esta é a primeira vez que um governo da zona do euro que implementou medidas de austeridade irá se reeleger desde a crise de 2008. Assim como a Grécia e a Irlanda, Portugal foi um dos países que cortou benefícios sociais e aumentou impostos em troca de um pacote de resgate econômico.
EFE
Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, partido que mais cresceu no país
Desde 2011 no cargo, Passos Coelho elevou os impostos e cortou gastos como pensões, salários e investimentos em saúde e educação. Durante seu mandato, o premiê enfrentou protestos e baixa popularidade. Atualmente, a dívida pública portuguesa corresponde a 130% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, em contraste com 111% há quatro anos.
Recentemente, a economia de Portugal mostrou alguns sinais de recuperação: o desemprego está no nível mais baixo (12,4%) desde o início de 2011 e o PIB do segundo trimestre cresceu 1,5% em relação ao mesmo período do ano passado.