O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, declarou nesta sexta-feira (09/10) em Gaza que a Palestina está passando por uma nova intifada, nome dado às revoltas populares de palestinos contra forças de segurança de Israel. Durante discurso em uma mesquita, Haniyeh disse que a intifada é “o único caminho que levará à liberação” e que Gaza está “mais do que preparada” para o confronto.
No último domingo (04/10), o secretário-geral da OLP (Organização pela Libertação da Palestina) já havia declarado que “os acontecimentos atuais se assemelham aos de setembro de 2000”, se referindo ao período em que a segunda intifada teve início. Em redes sociais na Palestina, a hashtag #intifada ganhou força nos últimos dias.
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A polícia israelense abriu fogo contra manifestantes na fronteira com a Faixa de Gaza nesta sexta-feira (09/10)
A declaração de Haniyeh, no entanto, contrasta com a postura adotada pelo Fatah, grupo que controla a Cisjordânia. “Não gosto de estipular grandes nomes ou slogans como 'intifada'. Tudo que posso dizer é que o que está acontecendo agora é uma fúria popular”, disse Issa Qaraka, um dos líderes do Fatah.
Pelo menos seis palestinos morreram e 86 ficaram feridos hoje, em mais um dia de violência na região. Os jovens mortos, que tinham entre 15 e 21 anos, estavam protestando em diversos pontos próximos à divisa entre a Faixa de Gaza e Israel e foram baleados por policiais israelenses. O porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas disse que três dos feridos se encontram em situação crítica.
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Por volta do meio-dia local, jovens palestinos iniciaram um protesto ao jogarem pedras para o outro lado da fronteira. Uma porta-voz de Israel disse que havia por volta de 200 manifestantes, ao passo que testemunhas relataram à Agência Efe que não passavam de algumas dezenas.
A manifestação havia sido convocada em apoio aos palestinos da Cisjordânia e de Jerusalém, que têm enfrentado uma crescente onda de violência. Ao todo, tirando as mortes desta sexta-feira, 11 pessoas morreram durante a última semana: sete palestinos e quatro israelenses.
EFE
Durante protestos, palestinos arremessaram pedras contra alvos militares em diversos pontos da fronteira de Gaza com Israel
Episódios de esfaqueamento e ataques com chave de fenda têm ocorrido na região. Hoje, em Dimona, cidade ao sul de Israel, um homem judeu esfaqueou quatro árabes e declarou à polícia que “todos os árabes são terroristas”. Ao norte do país, uma mulher foi morta a tiros pela polícia após uma tentativa de esfaqueamento em um terminal de ônibus. O momento foi registrado por câmeras de segurança.
A polícia israelense e o prefeito de Israel recomendaram que os cidadãos com porte de arma saiam às ruas armados. Tanto Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, quanto Mahmoud Abbas, presidente palestino, têm dado declarações em que pedem calma à população. Nesta quinta-feira (08/10), Netanyahu declarou que os ataques a israelenses “não são organizados”, porém “respondem à instigação do Hamas, da Autoridade Palestina e vários países da região”.
Conflitos recentes
Nas últimas semanas, a região da Esplanada das Mesquitas, situada no centro histórico de Jerusalém, tem sido alvo de distúrbios violentos entre palestinos muçulmanos e judeus ultraortodoxos. A polícia israelense interveio em diversas ocasiões e chegou a ocupar o templo religioso.
O governo de Netanyahu instalou detectores de metal na entrada da Cidade Velha de Jerusalém, cujo acesso foi barrado a palestinos. Embora seja exclusivamente destinado aos islâmicos, o local também é considerado sagrado para o judaísmo, pois está situado no antigo Monte do Templo, destruído em 70 d.C. Muitos ultraortodoxos buscam rezar no mesmo espaço, gerando cada vez mais conflito com a comunidade muçulmana. Moradores e comerciantes do bairro relataram dificuldades as barreiras para a cidade. Desde o último domingo, alguns lojistas palestinos paralisaram as atividades na Cidade Velha e em Jerusalém Oriental, assim como parte das escolas do local.
EFE
Premiê Benjamin Netanyahu (à direita) declarou que ataques recentes a israelenses “não são organizados”, mas respondem a instigações