A DFB (Federação Alemã de Futebol) negou neste sábado (17/10) que tenha comprado votos para garantir à Alemanha o direito de sediar a Copa do Mundo de 2006. Uma reportagem da revista Der Spiegel, publicada na sexta (16/10), afirma que o país subornou pelo menos quatro membros do Comitê Executivo da Fifa. Para tanto, teria sido usado um “caixa 2”, que garantiu os quatro votos asiáticos para o projeto alemão.
O país ganhou da África do Sul, por apenas um voto, na escolha realizada em Zurique, na Suíça, em 6 de julho de 2000.
De acordo com a Spiegel, o empresário francês Robert Louis-Dreyfus, então CEO da empresa Adidas, deu ao comitê de candidatura da Alemanha 10,2 milhões de francos suíços (o equivalente hoje a R$ 42 milhões). Esse dinheiro, que foi dado como uma doação privada, teria abastecido o caixa 2 da organização que preparava o pleito alemão, já que ele não aparece na contabilidade oficial.
Um ano e meio antes da realização do mundial, Louis-Dreyfus pediu o dinheiro de volta. Para fazer o pagamento, ainda segundo a revista, o então presidente da DFB (Federação Alemã de Futebol), o ex-jogador Franz Beckenbauer, montou um esquema para que a quantia fosse devolvida usando, inclusive, contas da Fifa na Suíça como intermediárias.
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Com esse caixa 2, foram comprados os quatro votos de países da Ásia. Na mesma eleição, para surpresa geral, o representante da Oceania, Charles Dempsey, se absteve. Isso foi fundamental para que a Alemanha se sagrasse vencedora na disputa, com diferença de apenas um voto para os sul-africanos.
O atual presidente da DFB, Wolfgang Niersbach, negou compra de votos. “Eu posso negar isso categoricamente. Posso assegurar que, em relação à candidatura vitoriosa para a Copa do Mundo de 2006, não existiu 'Caixa 2' na DFB, no comitê de candidatura ou, depois, no comitê organizador”, disse, em comunicado.
A DFB admitiu a suspeita de “impurezas” em um pagamento de € 6,7 milhões – exatamente a quantia, convertida para euros, do dinheiro “emprestado” por Louis-Dreyfus – feito à Fifa em 2005 e relacionado com a organização da Copa de 2006. No entanto, afirma que não foram verificadas “irregularidades” ou indícios de que o dinheiro tenha sido destinado à compra de delegados da Fifa para a escolha da Alemanha.
A Federação Alemã afirmou que uma investigação sobre a transferência do dinheiro ainda está em curso, mas que não há “conclusões definitivas”.