Atualizada às 18h43
O clima é de tranquilidade nas ruas de de Buenos Aires neste domingo (25/10) em que os argentinos vão às urnas para eleger presidente e vice-presidente, 24 senadores, 130 deputados nacionais e 43 parlamentares do Mercosul. Em 11 das 23 províncias do país, os eleitores também votarão para o cargo de governador.
Com filas rápidas nos centros de votação na Capital Federal e na província de Buenos Aires, os eleitores comentam a Opera Mundi que a segurança e a inflação são algumas das principais preocupações que eles têm em mente e que vão exigir do candidato que será eleito hoje.
Aline Gatto Boueri/ Opera Mundi
Em escola de Almagro, na Capital Federal, votação era tranquila
Neste domingo, os argentinos votam pela sétima vez desde a restauração da democracia, em 1983, no maior período de estabilidade política da história. É também a primeira em 12 anos em que um membro da família Kirchner não concorre à presidência.
Província de Buenos Aires
A província de Buenos Aires é o maior distrito eleitoral do país, com mais de 11 milhões de votantes. Em Ramos Mejía, no município de La Matanza — o maior da província — Cesar Raj, de 52 anos, deseja “menos insegurança, menos inflação, mais educação e saúde”. Ele diz que tem esperança de que essas questões mudem no próximo governo, independente de quem chegue à Casa Rosada.
Vanessa Martina Silva/Opera Mundi
Cesar Raj deseja “menos insegurança, menos inflação, mais educação e saúde”
Já em Isidro Casanova, reduto peronista de La Matanza, o aposentado José Fernández, 58 anos, defende a política econômica do governo, que considera a melhor que a dos candidatos opositores. “Os outros são neoliberais. Ao queridos pelo mercado e pelas pessoas que têm dinheiro. No atual governo, o povo pode comer, antes não se podia. E eu sei porque passei por isso”, diz Fernández.
Camila Águila, 20 anos, estudante que também votava hoje pela manhã em Ramos Mejía, lamenta os anos de governo kirchnerista. “Foram 10 anos em que o país piorou. Merecemos algo melhor e, para isso, é preciso apostar em outra pessoa”.
Aguila critica planos sociais e reclama que há muita “insegurança e drogas”. A repressão ao delito e o combate ao tráfico de drogas foi promessa de campanha de todos os candidatos, e é uma das principais queixas dos argentinos.
Vanessa Martina Silva/Opera Mundi
A estudante Camila Águila, de 20 anos, acha que “é preciso apostar em outra pessoa”
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Norma Susana, de 58 anos, que trabalha com artigos de couro, quer continuidade porque confia em que o atual governo é “o que mais ajuda os pobres”. Ela ressalta que o atual governo garante o acesso universal ao ensino superior e que os estudantes não precisam pagar por isso. “Scioli é o governador da província e vai ser presidente. No macrismo votam os que têm muito dinheiro.”, sentencia.
Além de votar para presidente, a província de Buenos Aires elege também governador que substituirá a gestão do candidato kirchnerista Daniel Scioli. Na região, tradicionalmente peronista, o chefe de gabinete de Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, disputa com María Engenia Vidal, candidata do macrismo, em um cenário também acirrado.
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“No atual governo, o povo pode comer”, diz o aposentado José Fernández em Isidro Casanova
Capital Federal
Entre os 2,5 milhões de eleitores da Capital Federal, Florencia Barnade, de 16 anos, vota para presidente pela primeira vez. Militante kirchnerista, ela espera que o candidato apoiado por Cristina, Daniel Scioli, seja eleito e que dê continuidade ao estilo do governo da atual presidente. “E se houver uma ruptura, nós também vamos romper com ele [Scioli]. É preciso cuidar do que foi conquistado até agora”, defende a jovem.
Juan Pablo, de 29 anos, que não quis dar o sobrenome, diz que suas expectativas são a diminuição da inflação e o aumento da segurança nas ruas. Ele acha que vai haver um segundo turno, mas torce para que não. “Pessoalmente, passo por um bom momento econômico, espero que continue assim. Também gostaria que mais pessoas pudessem vislumbrar um futuro.”
As pesquisas de opinião indicam que a disputa está acirrada e existe a possibilidade de que haja, pela primeira vez na história do país, um segundo turno presidencial. Em 2003, o então candidato Carlos Menem, que governou o país entre 1989 e 1999, desistiu de competir com Néstor Kirchner, que chegou à presidência com 22% dos votos.
Aline Gatto Boueri/ Opera Mundi
Clima era de tranquilidade em centros de votação na Capital Federal
Segundo pesquisas de opinião publicadas pelo jornal Página/12 na sexta-feira (23/10), Scioli — da FpV (Frente para a Vitória) — tem 41% dos votos. Já seu principal adversário e ex-prefeito da Capital Federal, Mauricio Macri (do partido Cambiemos), aparece em segundo lugar, com uma margem de votos que varia entre 27% e 29%. Em terceira posição está Sergio Massa, do UNA (Unidos por uma Nova Argentina), que segue entre 20% e 23% das intenções.
De acordo com a Constituição argentina, para vencer de forma direta, o candidato deve superar 45% dos votos ou obter mais de 40% e uma diferença de 10 pontos com relação ao segundo colocado.
Liliana Arche, de 61 anos, espera que Scioli seja eleito no primeiro turno. Ela acredita que o atual governador da província de Buenos Aires deve garantir a continuidade das políticas kirchneristas, mas pondera que “não era o candidato genuíno da FpV”, a agrupação liderada pela presidente Cristina Kircher. Scioli enfrenta resistências em setores mais progressistas da base do governo.