Cerca de sete homens costuraram seus próprios lábios e mais de mil pessoas vindas de Irã, Marrocos e Paquistão bloquearam uma ferrovia na fronteira entre Grécia e Macedônia, próxima à cidade de Gevegelija, nesta segunda-feira (23/11). Elas protestam contra a decisão de alguns países balcânicos de utilizar a nacionalidade como critério de passagem de migrantes e refugiados em direção ao norte da Europa.
Macedônia, Sérvia, Croácia e Eslovênia, quatro dos países que compõem a chamada “rota balcânica”, trajeto comum de refugiados para chegar a nações mais ricas da Europa, anunciaram na última quinta-feira (19/11) uma medida conjunta de proibir a entrada de pessoas classificadas como “emigrantes econômicos” – ou seja, aqueles que, na definição destes governos, vêm de países que não passam por situação de guerra.
Agência Efe
Migrantes costuraram os próprios lábios em protesto a bloqueio na fronteira entre Grécia e Macedônia
Centenas de pessoas entoaram slogans em protesto contra a decisão e tentaram bloquear a passagem das pessoas aprovadas pela Macedônia nesta segunda. Pessoas vindas de Paquistão, Bangladesh e Marrocos escreveram em seus próprios corpos e ergueram cartazes que destacavam as violações de direitos humanos em seu país. Sete homens costuraram suas próprias bocas em protesto após seis dias de bloqueio na fronteira. Trabalhadores humanitários acreditam que eles venham do Irã e explicaram ao jornal britânico The Guardian que ainda não conseguiram se comunicar com eles.
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Segundo o Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados), cerca de 10% das pessoas que tentam entrar na Europa através da rota balcânica não provêm de Síria, Iraque ou Afeganistão, as três nacionalidades cuja passagem está sendo aprovada. A Macedônia não quer mais permitir a passagem destas pessoas por acreditar que suas vidas não estão em risco e que elas podem acabar ficando em seu território caso os países do norte comecem a filtrar a passagem de migrantes e refugiados.
Grupos de direitos humanos questionam a lógica de bloquear pessoas com base em suas nacionalidades, argumentando que cada caso deve ser avaliado individualmente. O ministro do Interior da Croácia, Ranko Ostojić, manifestou seu desconforto ao jornal britânico The Guardian, observando que em alguns países a situação é complexa demais para ser tratada de maneira tão simplista. “É algo muito difícil de avaliar. O Iêmen, por exemplo, está ou não em guerra?”
Agência Efe
Pessoas de Paquistão, Bangladesh e Marrocos protestam contra bloqueio na fronteira entre Grécia e Macedônia
Para Ostojić, a tentativa de bloquear a passagem de tantas pessoas é pouco prática e infrutífera devido à porosidade das fronteiras. “Não é possível bloqueá-las todas. Não há muro que as impeça completamente de entrar”, afirmou.
O primeiro-ministro da Macedônia, Nikola Gruevski, afirmou que seu governo não tem intenção de bloquear pessoas que necessitem de proteção humanitária, mas que a solução deve ser europeia. “A situação é insustentável e recomendações paliativas não vão resolver o problema. A Macedônia sabe que a única solução é a cooperação, a troca de informação em tempo real e o apoio adicional entre toda a Europa para que nós asseguremos a segurança e o resultado humanitário apropriado para todas as pessoas envolvidas.”