O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, se opôs ao bombardeio britânico na Síria, alegando que se trata de uma medida de “bom senso”, não de “pacifismo”. A declaração ocorreu nesta quarta-feira (02/12) durante uma sessão da Câmara dos Comuns que culminará com uma votação acerca da participação das Forças Aéreas do país na coalizão internacional contra o EI (Estado Islâmico) em território sírio.
“A todos os membros: tomar a decisão de colocar militares britânicos em perigo e levar a uma quase inevitável morte de inocentes é uma responsabilidade pesada que deve ser tratada com máxima seriedade”, disse Corbyn no início de seu discurso aos parlamentares.
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O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn
Em sua fala, o líder trabalhista criticou as tentativas de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, de aprovar no Parlamento uma ofensiva aérea na Síria, na mesma linha da França e dos EUA.
Ontem, Cameron chegou a dizer que os parlamentares que votassem contra os bombardeios seriam “simpatizantes dos terroristas” – frase repudiada por Corbyn e por outros deputados trabalhistas, que exigiram hoje que o premiê pedisse desculpas.
“Não há dúvidas que o autodenominado Estado Islâmico impôs um reinado de sectarismo e terror desumano no Iraque, na Síria e na Líbia. E não há dúvidas que ele apresenta uma ameaça ao nosso próprio povo. Mas a questão agora é saber se estendendo os bombardeios britânicos do Iraque para a Síria irá reduzir ou aumentar a ameaça ao Reino Unido – e se isso irá espalhar a campanha do terror pelo Oriente Médio”, disse o líder da oposição.
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Para Corbyn, uma ação militar na Síria tal como é proposta pelo governo dos Conservadores não apresenta uma estratégia diplomática coerente. Ele sugere que o mais importante neste momento é conseguir parar o tráfico de petróleo do Estado Islâmico e pensar no impacto que tal medida terá nos muçulmanos britânicos, destacando a islamofobia, o racismo e a possibilidade de ataques físicos perante esses civis.
Estratégia do governo
Há dias, David Cameron vem tentando convencer os deputados a dar sinal verde pelo bombardeio contra posições do EI na Síria, sob a justificativa de “preservar a segurança nacional”, destacando a onda de atentados em Paris em 13 de novembro, que deixou 130 mortos e mais de 250 feridos.
“O Reino Unido já está no topo dos países que estão no alvo do EI”, afirmou Cameron. “o EI tem tentado nos atacar desde o ano passado”, acrescentou.
Atualmente, as Forças Aéreas britânicas têm autorização para participar da ofensiva da coalizão internacional contra o EI apenas em território iraquiano.
Em 2013, a Câmara dos Comuns já havia rejeitado uma proposta semelhante de bombardeio na Síria — onde países como França e EUA realizam ataques aéreos há pouco mais de um ano.
Contudo, espera-se que a votação seja favorável a Cameron, dado que o Partido Conservador tem maioria parlamentar. A votação está prevista para acontecer nesta noite em Londres (em torno de 19h de Brasília), após ao menos dez horas de debates.