Atualizada às 12:42
Autoridades palestinas exigiram, nesta quarta-feira (06/01), uma reação do governo da Grécia após dois passageiros, um árabe-israelense e um palestino, abandonarem um voo da companhia aérea grega Aegean a pedido de judeus israelenses que estavam a bordo.
Segundo relatos da imprensa israelense e a própria companhia, o incidente ocorreu em um voo que partia de Atenas em direção a Tel Aviv no domingo (03/01) à noite. Alguns passageiros alegaram “preocupação com a segurança” do voo e pediram que os dois passageiros, um árabe com cidadania israelense e um palestino com visto de residência em Israel, fossem expulsos da aeronave. Os documentos de ambos foram checados novamente por agentes de segurança gregos e não foram encontradas irregularidades. O protesto entre os passageiros judeus israelenses, contudo, escalou, e entre 60 a 70 pessoas se recusaram a tomar seus lugares enquanto os dois não fossem retirados do avião.
Aero Icarus/FlickCC
Passageiros abandonaram voo da companhia Aegean a pedido de israelenses
“O piloto declarou que quem não se sentisse seguro poderia desembarcar, mas não seria recompensado. Nesta altura, porém, os dois homens estava arrasados e decidiram eles mesmos abandonar o avião”, declarou uma porta-voz da companhia aérea. A empresa diz ter pago a estadia dos dois passageiros por mais uma noite em Atenas e tê-los recompensado pelo incidente, mas não especificou tal compensação. Eles embarcaram em outro voo para Israel na segunda-feira.
Segundo o jornal Times of Israel, muitos árabes-israelenses se autoidentificam como palestinos. O secretário-geral da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Saeb Erakat, se referiu aos dois homens como palestinos ao cobrar uma ação do governo da Grécia sobre o episódio.
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“Estamos escandalizados com o tratamento de discriminação e preconceito que os dois palestinos receberam da tripulação da companhia Aegean. Nós pedimos que o governo da Grécia aja com vigor contra este ato racista, inclusive compensando os dois passageiros palestinos. Este comportamento terrível por parte dos passageiros israelenses é remanescente dos piores anos do apartheid sul-africano”, declarou Erakat.
A Aegean emitiu um pedido formal de desculpas na terça-feira (05/01). “Nós agradecemos novamente os dois passageiros que concordaram em desembarcar por sua compreensão e colaboração, e nos desculpamos por todo o episódio, que foi extremamente infeliz”, dizia a nota.
Um dos passageiros que exigiu a saída dos dois homens da aeronave justificou as ações do grupo de judeus israelenses dizendo que os dois eram “assustadores” e que ele e outros passageiros acharam que eles fossem terroristas. “Temos direito de expressar nossa preocupação”, declarou ele, identificado apenas como Nissim, a uma rádio israelense. “Ninguém comentou a etnia deles ou foi racista; nós expressamos nossa preocupação de maneira objetiva, como quando você vê alguém na rua e fica em alerta.”
O secretário-geral da OLP classificou o incidente como “injusto e vergonhoso”. Um oficial do governo palestino disse à AFP que o caso será discutido com diplomatas gregos.