Milhares de pessoas protestaram neste sábado (23/01) nas ruas da capital haitiana para exigir a renúncia do presidente do país, Michel Martelly, um dia depois do Conselho Eleitoral Provisório (CEP) adiar, sem definir uma nova data, o segundo turno das eleições presidenciais.
As manifestações, convocadas pela oposição, exigem também a renúncia de todos os membros do conselho, organismo que consideram favorecer o candidato oficial. Neste sábado, dois membros do organismo renunciaram.
Agência Efe
Marcha foi conduzida até o Palácio da Justiça
A suspensão da eleição significa, a curto prazo, um triunfo para a oposição haitiana, que pediu a renúncia de Martelly e a criação de um governo de transição que organize eleições “livres e democráticas” num máximo de 90 dias.
O primeiro turno das eleições ocorreu em 25 de outubro, enquanto o segundo turno estava originalmente previsto para 27 de dezembro.
O CEP decidiu suspender o segundo turno das eleições presidenciais em decorrência da insegurança no país, onde locais de votação foram incendiados e alguns juízes do próprio organismo eleitoral receberam ameaças de morte.
De acordo com a Constituição haitiana, Martelly deve deixar o poder em 7 de fevereiro, quando termina o mandato de cinco anos para o qual foi eleito.
ONU
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, disse estar preocupado com o adiamento da votação.
Agência Efe
Protesto foi reprimido pela polícia, que lançou bombas de efeito moral contra os manifestantes
Em comunicado, ele pediu que as partes envolvidas trabalhem sem demora em busca de uma conclusão pacífica para o processo eleitoral. É preciso, segundo Ban, “encontrar uma solução consensual que permita ao povo do Haiti exercer seu direito de voto para eleger um novo presidente, bem como o restante dos representantes do novo Parlamento”.
NULL
NULL
Já a missão de observação eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos) no Haiti pediu que o processo eleitoral seja completado.
Segundo turno
A segunda votação deveria ocorrer entre Jovenel Moïse — que tem o apoio do presidente e estava à frente nas pesquisas — e o opositor, Jude Celestin, que se retirou da disputa.
Celestin anunciou, na última semana, que iria boicotar as eleições, porque, segundo ele, a atuação do governo e de países estrangeiros tornou impossível uma competição justa. “Eu não vou participar dessa farsa, não vai ser uma eleição, mas uma seleção porque haverá apenas um candidato”, afirmou em entrevista à agência France Presse. Ele diz ainda que existe uma “enorme fraude” em favor do candidato governista, Jovenel Moïse.
No primeiro turno, em 25 de outubro, Celestin obteve 25,29% dos votos, contra 32,76% do candidato apoiado pelo governo, Jovenel Moïse.
A comissão de monitoramento das eleições indicada pelo governo emitiu um relatório no qual cita que 57% dos votos do primeiro turno não tinham assinatura ou impressão digital e 30% não tinham o número de identificação nacional (equivalente ao RG), exigências da legislação eleitoral.
(*) com informações da Agência Brasil