Em 31 de maio de 1962, perto de Tel-Aviv, em Israel, o ex-oficial nazista Adolf Eichmann, que organizou a logística da “solução final da questão judaica” de Hitler, foi executado por seus crimes contra a humanidade.
Eichmann nasceu em Solingen, Alemanha em 1906. Em novembro de 1932, juntou-se à organização de elite do partido nazista, a SS (Schutzstaffel – Esquadrão protetor), cujos membros passaram a ter amplas responsabilidades em toda a Alemanha nazista, inclusive policiamento, inteligência e aplicação das políticas anti-semitas de Adolf Hitler. Eichmann ascendeu incessantemente à hierarquia da SS e com a anexação da Áustria pela Alemanha em 1938 foi enviado a Viena com a missão de livrar a cidade de judeus. Montou um eficiente centro de deportação dos judeus e no ano seguinte foi enviado a Praga para semelhante missão. Neste mesmo ano, Eichmann foi nomeado para a seção judaica do escritório central de segurança da SS em Berlim.
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Eichmann foi o responsável pela logística do Holocausto
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Em janeiro de 1942, Eichmann encontrou-se com altos funcionários nazistas na Conferência de Wansee, perto de Berlim, com a finalidade de planificar “a solução final da questão judaica” como expôs o líder nazista Hermann Goering. Os nazistas decidiram exterminar a população judaica da Europa. Eichmann foi indicado para coordenar a identificação, a reunião e a deportação de milhões de judeus dos países europeus ocupados para os campos de extermínio, onde os judeus foram levados às câmaras de gás e cremados em fornos ou obrigados a trabalhar até a exaustão e morte. Cumpriu esse dever com diabólica e horrível eficiência e entre 3 e 4 milhões de judeus morreram nesses campos de extermínio antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Cerca de 2 milhões foram executados em diversas outras partes.
Terminada a guerra, Eichmann foi capturado pelas tropas dos Estados Unidos, mas escapou do campo de prisioneiros em 1946 antes de ter de enfrentar o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra de Nuremberg. Eichmann viajou com identidade falsa até o Oriente Médio e em 1950 chegou à Argentina, que mantinha políticas migratórias pouco exigentes. Lá era, presumivelmente, um porto seguro para muitos criminosos de guerra nazistas. Em 1957, um procurador alemão informou secretamente ao governo israelense que Eichmann estava vivendo na Argentina. Agentes do Mossad, serviço de inteligência de Israel, foram deslocados para o país do Prata e no começo de 1960 conseguiram localizá-lo. Residia em San Fernando, departamento de Buenos Aires, sob o nome de Ricardo Klement.
Em maio de 1960, a Argentina comemorava o sesquicentenário da batalha de independência do jugo espanhol e muitos turistas chegavam do exterior a fim de assistir às festividades. O Mossad aproveitou a oportunidade para infiltrar mais agentes no país. Israel, sabendo que a Argentina jamais o extraditaria para ser julgado no exterior, decidiu sequestrá-lo e levá-lo ilegalmente para Israel. Em 11 de maio, os agentes operacionais do Mossad baixaram na Rua Garibaldi em San Fernando e raptaram Eichmann quando caminhava do ponto de ônibus até sua casa. Sua família, dando por sua falta, procurou os hospitais, mas, receosa, não a polícia. As autoridades argentinas nada sabiam da operação. Em 20 de maio, um drogado Eichmann foi levado da Argentina disfarçado em funcionário da companhia aérea israelense que havia sofrido um trauma craniano em um acidente. Três dias mais tarde, o primeiro-ministro de Israel, David Ben-Gurion, anunciou oficialmente que Eichmann estava sob custódia israelense.
A Argentina exigiu a devolução de Eichmann, contudo Israel, alegando que seu status era o de um criminoso de guerra internacional, o que lhe dava o direito de levá-lo a julgamento em seu país. Em 11 de abril de 1961 começou o julgamento de Eichmann em Jerusalém. Foi o primeiro julgamento exibido ao vivo pela televisão da história. Eichmann defrontou-se com 15 acusações, entre elas, crimes contra a humanidade, crimes contra o povo judeu e crimes de guerra. Em sua defesa declarou que cumpria ordens, mas os juízes não aceitaram as alegações, julgando-o finalmente culpado de todos os crimes em 15 de dezembro, condenando-o à pena capital. Em 31 de maio de 1962 foi enforcado numa localidade perto de Tel-Aviv. Seu corpo foi cremado e as cinzas jogadas no mar Mediterrâneo.