Um relatório da Organização das Nações Unidas divulgado nesta sexta-feira (04/03) indicou que foram registradas 69 denúncias de abusos sexuais perpetrados por “boinas azuis” – membros de tropas da ONU – em 2015, vindas de 21 países diferentes. Este é o maior número de casos desde 2011, quando a organização registrou 75 acusações.
Além disso, a ONU recebeu mais 30 denúncias de violência sexual cometidas por funcionários de agências e estruturas que não fazem parte das missões de paz, somando um total de 99 acusações.
Ministério da Defesa/FlickrCC
Das 99 denúncias de abuso sexual feitas em 2015, 69 foram contra os “boinas azuis”
Em 2014, a organização recebeu 80 acusações similares. Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o aumento demonstra que as Nações Unidas devem fazer mais para combater o problema.
O país com mais denúncias é a República Democrática do Congo, com 7; seguido de Marrocos e África do Sul, com 4 cada um, e depois por Camarões, Congo, Ruanda e Tanzânia, com 3 cada.
Benin, Burkina Fasso, Burundi, Canadá e Gabão registraram 2 casos cada um, enquanto com um caso aparecem Alemanha, Gana, Madagascar, Moldávia, Níger, Nigéria, Senegal, Eslováquia e Togo.
NULL
NULL
A maior parte das denúncias, 35 das 69, se acumulam contra duas operações de paz: as enviadas para a República Centro-Africana (Minusca) e para a República Democrática do Congo (Monusco). As demais estão divididas entre outras oito missões.
O secretário-geral adjunto para o Apoio às Atividades no Terreno da ONU, Atul Khare, destacou que o aumento registrado no ano passado pode ser atribuído em grande parte aos 22 casos somente da Minusca e disse que a organização está comprometida a agir perante a “deplorável” situação nessa missão.
De acordo com o relatório desta sexta, pelo menos 23 das denúncias de 2015 são por supostos abusos contra menores e 15 delas são por estupros contra pessoas maiores de idade.
No documento, a ONU ressalta que “não pode haver impunidade para pessoas que cometam exploração e abuso sexual” e deixa claro que a imunidade habitual dos “boinas azuis” em suas missões “não pode servir de escudo”.
A organização diz ter implementado medidas para melhorar o sistema de recepção de denúncias e para reforçar as investigações, incluindo um novo prazo máximo, agora de seis meses, para realizar cada investigação.
Khare também lembrou que a ONU não tem autoridade para processar os acusados, mas trabalha com os países onde ocorrem as violências para assegurar que se faça justiça. Khare insistiu que os abusos sexuais por parte de “boinas azuis” são uma “abominação” e devem ser punidos com os castigos “mais duros”.
*com Agência Efe