De todas as janelas das casas do centro de Havana neste domingo (20/03), se podia ver uma mesma imagem pela TV: o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desembarcando em Cuba.
A transmissão ao vivo da chegada do primeiro presidente americano a visitar a ilha de Fidel Castro em quase 90 anos foi acompanhada pela grande maioria dos cubanos, que assistiam à televisão quase sem respirar, de tão concentradas.
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Barack Obama desembarcou neste domingo em Cuba, onde faz uma visita oficial de três dias
“Olha, olha, essa imagem deles desembarcando é do aeroporto dos EUA ou já chegando aqui?”, perguntava Marta Fernandez, 46, como quem não acredita nos próprios olhos.
Os primeiros passos de Obama em Havana foram debaixo de chuva.
Acompanhado da mulher, Michele, das duas filhas e da sogra, além de dezenas de empresários e políticos, foi aplaudido pelos cubanos que conseguiram chegar perto da catedral da cidade, primeira parada de uma série de visitas e encontros que acontecem até terça.
Eram poucos os que tinham permissão para estar ali, apenas jornalistas e moradores, estes ainda enfrentavam dificuldade para voltar pra casa.
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Ignacio Cortez, 38, passou três horas esperando ser liberado para acessar a casa onde vive com a esposa. Ele tinha esquecido o comprovante de moradia e, pra não ter de ligar pedindo que o “resgatassem”, o que, segundo ele seria incabível, esperou a liberação da rua já tarde da noite. “Para quê essa quantidade de ruas bloqueadas? Na minha opinião não passa de capricho”, reclamou.
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Cubanos acompanham a chegada do presidente norte-americano à ilha por meio de um celular, com transmissão da cobertura na TV
Com as ruas fechadas num total de mais ou menos 15 quarteirões ao redor da catedral em bloqueios garantidos pela policia, cubanos e turistas se agrupavam no checkpoint a la cubana esperando por horas a liberação.
Foram vários os que tentaram acessar o centro histórico de Havana em vão, o que acabou gerando mal estar. “Os EUA nunca vêm a Cuba e, quando vêm, decidem fechar a cidade mesmo para o cubano que mora aqui”, reclamou o turista belga Philip Hansen.
Hansen teve de aguardar no checkpoint por uma hora, até que o gerente do restaurante onde tinha reserva, e estava dentro da área protegida, o fosse buscar. “Tenho cinco reservas pra hoje e ninguém vai poder entrar normalmente?”, perguntou ao policial o gerente em tom de indignação.
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Autoridades estipularam cerco para cubanos que quiseram acompanhar a passagem da caravana do presidente Barack Obama
O policial se limitou a explicar que aquele era um procedimento de segurança para receber “uma grande personalidade política” e, em seguida, alertar aos que esperavam encontrar festa naquela noite de que era “melhor ir dormir”, já que naquela região muitos bares e restaurantes estavam fechados durante todo o dia.
As ruas no entorno da catedral fecharam por volta das 15h e, às 22h, ainda não haviam sido liberadas ao trânsito de pessoas.