Aplausos a cada fala. Foi assim que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi recebido ao discursar para uma plateia cubana no Gran Teatro Alicia Alonso, em Havana, nesta terça-feira (22/03).
Cerca de mil pessoas ocupavam as cadeiras do lugar. A maioria não conseguia disfarçar a ansiedade. Eram mãos que se apertavam e olhares que não se fixavam em um ponto, mas que procuravam em cada porta de acesso do teatro alguma informação.
No palco do teatro um púlpito anunciava que o presidente norte-americano falaria sozinho. As bandeiras de Cuba e dos Estados Unidos eram o único objeto que compunham o cenário.
Agência Efe
O presidente dos EUA, Barack Obama, saúda a plateia no Gran Teatro Alicia Alonso, onde discursou nesta terça-feira
“Que lindas as duas bandeiras lado a lado”, disse uma senhora em uma das cadeiras da frente.
Aplausos romperam os murmúrios. Alicia Alonso, a bailarina cubana que dá nome ao teatro, havia acabado de entrar. Aos 94 anos de idade, precisou ser acompanhada de um homem que a auxiliava a manter-se em pé para receber as palmas.
Minutos após Alicia, foi a vez do presidente de Cuba, Raúl Castro, chegar a seu lugar, no mesmo balcão de Alicia, no primeiro andar do camarote do teatro.
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Novamente aplausos saudaram a segunda personalidade cubana. Foram tão longas a saudações que o líder cubano apontou para o palco, batendo palmas também, como quem diz: “o protagonista agora não sou eu, olhem para a frente que ele já vai entrar.”
Agência Efe
O presidente cubano, Raúl Castro, no balcão do teatro onde assistiu discurso de Obama
E foi assim mesmo. Dois minutos depois Obama surge no palco e toda a plateia se levanta para recebê-lo em mais um gesto de carinho e interesse pelo que tem a dizer o presidente dos EUA.
Abrindo o discurso com uma breve declaração sobre os atentados que ocorreram em Bruxelas na manhã desta terça-feira, Obama partiu em seguida para falar sobre o tema principal de sua visita à ilha: a reaproximação entre os dois países e os interesses pessoais dos EUA na retomada de relações.
Ao final de cada frase ele era ovacionado pela plateia, que vibrava com o conteúdo da conversa, mas principalmente com o bom humor e a sagacidade que fazia o público quase sempre cair na gargalhada. Foi assim quando citou estilos musicais comuns aos EUA e a Cuba, por exemplo.
O pronunciamento televisionado ao vivo para todo o território cubano foi encerrado por uma versão em espanhol do bordão de Obama. “Sí, se puede”, disse o presidente norte-americano antes de se retirar ao som da apropriadíssima “Guantanamera”.