A aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados no domingo (17/04) repercutiu na imprensa internacional. No artigo “O golpe dos escravocratas”, publicado pelo jornal argentino Pagina 12, o jornalista e historiador Martín Granovsky disse que a decisão do Congresso representa um atraso para o país e o continente.
Agência Efe
Para jornalista e historiador Martín Granovsky, decisão do Congresso representa um atraso para o país e o continente
“O Congresso brasileiro está atrasando a história do Brasil e de toda América do Sul”, afirmou.
Granovsky lembrou que a votação ocorreu na data em que se completaram 20 anos do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará. Entretanto, nenhum dos dez deputados do estado que votaram em favor do impeachment referiu-se ao crime. “Um [deputado] gritou que votava Sim ‘contra os ladrões do PT'. Outro vociferou que votaria Sim porque ‘tenho uma família e um filho de quatro anos e não quero que ensinem a ele sexo na escola'”, diz o texto.
Segundo Granovsky, os deputados do Pará e todos os outros que votaram em favor do impeachment “começaram a cortar um processo social de integração que necessitava décadas para firmar-se e pode ficar sem conclusão”.
O escritor afirma que a possibilidade da destituição de Dilma será prejudicial também para a população da Argentina, já que o presidente Mauricio Macri tem o apoio de empresários da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), favorável ao impeachment de Dilma.
De acordo com ele, se aprovado, o impeachment será uma derrota para “milhões de argentinos e sul-americanos que simpatizam com a proteção de direitos trabalhistas, com uma maior intervenção do Estado, com políticas reformistas, com a integração e com a carta dos Brics como alternativa em matéria de financiamento sem condicionantes conservadoras”.
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La Jornada
Em artigo no jornal mexicano La Jornada, o escritor Eric Nepomuceno afirmou que os parlamentares votaram em favor da destituição de uma chefe de Estado que “nem sequer está sendo investigada”.
“Uma presidente que nem sequer está sendo investigada foi condenada por um bando de legisladores acusados ou denunciados por corrupção, comandados por um colega, Eduardo Cunha, presidente da Câmara”.
O escritor lembra que, no momento da votação, os deputados centraram seus argumentos em temas que não tinham relação com as acusações contra o governo de Dilma Rousseff. “Foram votos em nome de Deus, da pátria da família”, diz.
No texto, Nepomuceno diz também que “o caminho aberto prevê poucas alternativas para Rousseff” e que “ninguém” acredita que o Senado mude a decisão previamente aprovada na Câmara dos Deputados.
O artigo também classifica Michel Temer como “um vice-presidente sem legitimidade, à espera de poder por as mãos sobre o bastião presidencial e começar a governar”.