Um levantamento da ONG RSF (Repórteres Sem Fronteiras) divulgado na quarta-feira (20/04), indica que o Brasil caiu cinco posições no ranking mundial de liberdade de imprensa este ano. Um dos motivos apontados pelo órgão para a restrição ao trabalho de jornalistas é a concentração dos meios de comunicação.
Com a queda no ranking, de acordo com o relatório, o Brasil aparece na 104ª posição em 2016.
A RSF afirma que a recessão econômica e a instabilidade política no país reforçaram os obstáculos para liberdade de imprensa, assim como o clima de “hostilidade” contra jornalistas.
Roberto Parizotti/Fotos Públicas
Protesto em frente à sede da Rede Globo em SP em 2015; grupo Globo é um dos maiores grupos midiáticos do país
“A propriedade dos meios de comunicação continua concentrada nas mãos das principais famílias industriais ligadas à classe política”, diz a organização. “O problema dos ‘coronéis midiáticos’ que a RSF descreveu em 2013 em seu relatório 'O país dos 30 Berlusconis' continua intocável”, afirma.
Segundo a RSF, os “coronéis” são “proprietários de terra ou empresários que são também parlamentares ou governadores de estado e que controlam a formação de opinião em suas regiões”, por controlarem vários meios de comunicação. “Como resultado, a mídia é fortemente dependente dos centros políticos e econômicos de poder”.
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A ONG aponta também uma relação entre a cobertura dos meios de comunicação e o processo de impeachment da presidente brasileira. “De uma forma pouco velada, os principais meios de comunicação tem pedido ao público para ajudar a destituir a presidente Dilma Rousseff”, diz a RSF.
“Os jornalistas trabalhando para esses grupos de mídia estão claramente sujeitos à influência de interesses privados e partidários, e esses conflitos permanentes de interesses estão claramente em detrimento da qualidade de suas reportagens”.
Somente em 2015, de acordo com a Repórteres Sem Fronteiras, sete jornalistas foram mortos no Brasil.