A crise econômica global está ligada a mais de 260 mil mortes adicionais por câncer em países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos) desde 2010, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (25/05) pela revista científica The Lancet.
Flickr/Dain Nielsen
“Pai precisa de emprego”, diz cartaz: segundo estudo, desemprego é um dos fatores ligados a 260 mil casos de câncer
O aumento do desemprego e as reduções de orçamento nos sistemas públicos de saúde são os principais fatores analisados pelo trabalho, elaborado por universidades britânicas e norte-americanas.
“O câncer é uma das principais causas de morte em nível global, portanto compreender como as mudanças econômicas afetam a sobrevivência é crucial”, afirmou em comunicado Mahiben Maruthappu, do Imperial College de Londres e principal autor do trabalho.
“Detectamos que um aumento do desemprego está associado a uma maior mortalidade oncológica”, acrescentou o pesquisador, que apontou que uma cobertura de saúde universal “protege contra esses efeitos indesejados”, especialmente em cânceres tratáveis como o de peito, próstata e colorretal.
O estudo usou dados do BM (Banco Mundial) e da OMS (Organização Mundial da Saúde) para estabelecer o vínculo entre desemprego, gasto com saúde pública e mortalidade oncológica.
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Pesquisadores de Harvard (Estados Unidos), Universidade de Oxford, Imperial College e King's College (Reino Unido) utilizaram informações de mais de dois bilhões de pessoas.
Os autores apontam que a associação entre desemprego e aumento da mortalidade é mais forte para cânceres tratáveis – aqueles com níveis de sobrevivência acima de 50%.
Um aumento de 1% do desemprego foi associado a 0,37 morte adicional em qualquer tipo de câncer por cada 100 mil pessoas.
O estudo detalha ainda que uma diminuição de 1% com relação ao PIB do gasto público com saúde está associada com 0,0053 morte adicional por câncer em cada 100 mil pessoas.
“Em países sem cobertura de saúde universal, o acesso a cuidados médicos está garantido em muitas ocasiões como um pacote laboral. Se não tiverem emprego, os pacientes podem ser diagnosticados tarde e terão tratamentos pobres”, afirmou Rifaat Atun, professor da Universidade de Harvard.