De acordo com reportagem publicada pela agência de notícias Reuters, o governo brasileiro, liderado pelo vice-presidente no exercício da Presidência, Michel Temer, está avaliando a possibilidade de impedir que a Venezuela assuma a presidência pro-tempore do Mercosul, o que deve acontecer na próxima cúpula da organização, prevista para o dia 24 em Montevidéu.
A informação foi passada à agência por uma fonte anônima do Palácio do Planalto, que afirmou que a intenção do governo Temer é evitar fortalecer o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. “Não há uma proposta ainda do que será feito, mas a disposição do governo é impedir que a Venezuela assuma”, disse a fonte.
O Palácio do Planalto, oficialmente, nega que exista tal movimento, diz a Reuters.
José Cruz / Agência Brasil
O presidente interino, Michel Temer, e o ministro de Relações Exteriores, José Serra
A Venezuela assumiria a presidência pro-tempore do Mercosul, hoje com o Uruguai, de acordo com a ordem alfabética seguida pela organização. Uma maneira de impedir que isso aconteça é a não realização da cúpula do dia 24; outra, a suspensão da Venezuela do Mercosul, através da invocação da cláusula democrática da entidade contra o país.
Segundo a fonte da Reuters, Temer admite ir à reunião em Montevidéu “se for para ter uma solução” para a situação da Venezuela no Mercosul. “Se for apenas para ficar debatendo, ele não irá”, afirmou. A ida à cúpula do Mercosul seria a primeira viagem internacional de Michel Temer como presidente em exercício do Brasil.
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Uma reunião emergencial de chanceleres do bloco sobre a Venezuela, convocada pelo governo do Paraguai, está programada para a próxima semana. Fontes do governo Temer ouvidas pela Reuters afirmaram que a representação brasileira solicitará a análise da suspensão da Venezuela. “É muito cedo ainda para saber como as coisas vão caminhar, mas o governo brasileiro não irá agir para defender esse governo venezuelano, isso é certo”, disse a fonte à agência.
Maduro se encontra em meio a uma ofensiva da oposição venezuelana e de atores internacionais, como o secretário-geral da OEA (Organizações dos Estados Americanos), Luis Almagro, para que realize o referendo revogatório de seu mandato ainda este ano. Na votação, um dispositivo constitucional venezuelano, a população decidiria se ele continua ou não como presidente do país.
A previsão, por parte da oposição dentro e fora da Venezuela, é de que Maduro sairia derrotado. Neste caso, se o referendo for realizado ainda este ano, novas eleições serão convocadas; caso o referendo seja realizado no ano que vem, o vice-presidente, Aristóbulo Istúriz Almeida, do PSUV, mesmo partido de Maduro, assumiria – o que a oposição quer evitar que aconteça.
Segundo uma fonte diplomática da Reuters, a visita de Henrique Capriles, um dos líderes da oposição venezuelana, está sendo articulada pelo governo Temer. Ele seria recebido por José Serra, atual ministro das Relações Exteriores, e pelo próprio Michel Temer, em um claro gesto de apoio do atual governo às forças que querem destituir Maduro na Venezuela.